Em San Juan Barranco, uma comunidade localizada no trapézio amazônico colombiano, o povo Tikuna lidera iniciativas de proteção ambiental baseadas em conhecimentos tradicionais e na firme defesa de seu território. Em um contexto marcado pela pressão de atividades extrativistas e pela degradação ambiental, essa comunidade indígena desenvolveu estratégias para o manejo sustentável dos recursos naturais e a preservação de sua cultura.

Os Tikuna consideram a floresta seu lar, fonte de alimento, medicina e espiritualidade. Sua relação com o meio ambiente se traduz em práticas de uso racional dos recursos, como a pesca sustentável de mais de 100 espécies, a regulação da caça e da coleta, e a recuperação de espécies nativas como a palmeira de caraná, utilizada na construção de moradias tradicionais que oferecem melhores condições térmicas e ambientais.

Uma das principais ameaças que enfrentam é a poluição por plásticos e resíduos, assim como o desmatamento ilegal, que afetam os rios e as florestas ao redor de seu território. Diante disso, reforçaram sua organização comunitária e começaram a incorporar tecnologias como telefones celulares para documentar práticas ambientais e culturais, com o objetivo de transmitir esse conhecimento às novas gerações. Por exemplo, monitores ambientais Tikuna utilizam celulares, GPS e imagens de satélite para registrar jornadas de coleta de insumos como fibra de chambira, madeira “palo sangre” e topa, bem como festas tradicionais como a Pelazón, contribuindo para que o legado não se perca. (Noticias ambientales)

Fotos: Cobertura Colaborativa Yaku Mama

Outro aspecto de destaque nesse trabalho é o papel crescente das mulheres Tikuna, que assumiram posições de liderança na gestão ambiental e na defesa do território. Sua participação tem sido fundamental nos processos de recuperação cultural e fortalecimento comunitário.

A experiência do povo Tikuna em San Juan Barranco representa um modelo de resistência e gestão local diante das ameaças ambientais. Sua abordagem demonstra como os saberes indígenas, combinados com ferramentas modernas, podem contribuir para a conservação da Amazônia, num momento crítico para a proteção dos ecossistemas do planeta.

Este conteúdo faz parte do especial do diário de viagem da Flotilha Yaku Mama rumo à COP30.