Com calor extremo, Rio de Janeiro enfrenta sensação térmica próxima de 60º
O calor intenso que tomou conta do Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, são resultado direto dos efeitos das mudanças climáticas
O calor intenso que tomou conta do Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, são resultado direto dos efeitos das mudanças climáticas
O calor escaldante que está castigando o Rio de Janeiro e São Paulo nos últimos dias não é apenas uma nota de rodapé meteorológica; é um alerta inconfundível da natureza sobre os extremos climáticos que a humanidade está enfrentando. Mortes por calor extremo aumentarão quase 5 vezes até 2050, alerta estudo publicado na Lancet.
A onda de calor que tomou conta do Rio de Janeiro nesta terça-feira, por exemplo atingiu níveis alarmantes e surpreendeu até mesmo os cariocas que estão acostumados a ir para a praia neste período do ano. Segundo o Centro de Operações Rio, a sensação térmica alcançou impressionantes 58,5°C em Guaratiba, na Zona Oeste da cidade, marcando a maior sensação térmica registrada durante o dia.
A cidade enfrenta uma variação térmica notável em relação à média para o mês de novembro, com os termômetros podendo atingir até 41°C, um aumento significativo de 13°C em relação à média histórica de 28°C para este período. O Centro-Oeste e o Sudeste são as regiões mais impactadas pela onda de calor, que também afeta outras partes do país.
Calor desconfortável e perigoso
O calor excepcional que assola o Brasil é atribuído à quarta onda de calor deste ano, sendo intensificado por um El Niño atípico nos últimos meses e pelos efeitos do aquecimento global causados pelas emissões de gases de efeito estufa. Esse fenômeno, embora comum na aproximação do verão, alcançou proporções incomuns, impactando não apenas o Rio de Janeiro, mas várias regiões do país.
A cidade de São Paulo registrou sua temperatura mais alta em 2023, atingindo 37,8°C, segundo dados do Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE), órgão da prefeitura.
No Rio de Janeiro, as praias que costumam ser refúgios de frescor tornaram-se testemunhas de temperaturas que desafiam recordes. O calor excessivo não é apenas desconfortável; é um sinal claro de que o clima está em desequilíbrio, demandando uma ação urgente.
Estudo da Lancet adverte para um futuro intolerável
Em meio a esses picos de calor, um estudo perturbador da Lancet, conduzido por mais de 100 especialistas de 52 instituições de pesquisas e agências da ONU, revela que as mortes relacionadas ao calor podem quase quintuplicar nas próximas décadas. Publicado nesta quarta-feira (15), o estudo alerta que, em um cenário de aumento médio da temperatura de 2ºC até o final do século, as mortes vinculadas ao calor podem aumentar em 4,7 vezes até 2050.
A população com mais de 65 anos está sendo duramente atingida, com um aumento alarmante de 85% nas mortes relacionadas ao calor na última década.
O Instituto Nacional de Meteorologia emitiu um alerta de “grande perigo” devido às altas temperaturas em 15 estados e no Distrito Federal, válido até sexta-feira (17). A população é orientada a adotar medidas preventivas, como a ingestão constante de líquidos e evitar exposição direta ao sol durante os horários de pico de calor.
Secretário-geral da ONU alerta para a catástrofe em curso
Diante dessas ameaças crescentes, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, emitiu um comunicado franco, afirmando que “a humanidade enfrenta um futuro intolerável”. Ele destaca a catástrofe já em andamento, com ondas de calor recordes, secas devastadoras, níveis crescentes de fome, surtos de doenças infecciosas e eventos climáticos extremos, e convida países do mundo para implementarem medidas urgentes para desfazer este cenário do ponto de não retorno.
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