O Parque do Solstício, que será construído no sítio arqueológico Rêgo Grande I, conhecido como o ‘Stonehenge da Amazônia’, fica localizado em Calçoene, a aproximadamente 365 km da capital Macapá, no Amapá. Esse sítio possui uma disposição circular de placas de granito e poços escavados contendo urnas funerárias, sugerindo um importante centro cerimonial com possível significado astronômico. Algumas datações apontam que ele existe há 1 mil anos.

As pesquisas realizadas até o momento sugerem que o sítio foi construído pelos indígenas para observação astronômica e rituais, mas muitos detalhes ainda permanecem desconhecidos.

Na última semana, o estado do Amapá deu um passo significativo em direção à preservação deste patrimônio histórico e ao impulso do turismo local. Em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o governo estadual assinou um Protocolo de Intenções que garantirá recursos para dois projetos culturais de grande relevância: a construção do parque em Calçoene, e a Requalificação do Museu Joaquim Caetano, em Macapá.

Foto: Iphan

Além disso, a proposta de envolver as comunidades locais na gestão do sítio arqueológico é vista como fundamental para fortalecer a identidade cultural e promover o desenvolvimento regional de forma sustentável.

Esses projetos foram selecionados dentre os 100 contemplados pelo Novo Programa de Aceleração de Crescimento, o PAC Seleções, que visa a recuperação de bens tombados em todo o país e conta com um investimento de R$ 900 mil.

O presidente do Iphan, Leandro Grass, destaca o potencial do Parque do Solstício para aumentar a visibilidade do Amapá e gerar oportunidades para a população local. Ele ressalta que o patrimônio histórico tem o poder de mobilizar e unir comunidades, além de ser uma fonte rica de conhecimento sobre a história e a ancestralidade da região.

Stonehenge da Amazônia

Localizado às margens do Igarapé Rego Grande, o acesso ao parque é feito através de um ramal que conecta a sede do município de Calçoene à Vila do Cunani, em uma jornada de 30 quilômetros pela zona rural.

O gerente do Núcleo de Pesquisa Arqueológica (NuPArq) do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA), Lúcio Costa Leite, ressalta a importância histórica e científica do local. “O sítio é especial por conta do tamanho, do tipo de material que foi encontrado, e a disposição das rochas, o alinhamento delas, está relacionada com a observação astronômica. Foi um local pensado por esses grupos para ser especial a esse nível”, descreve Leite.

A área foi adquirida pelo Estado nos anos 2000, com o objetivo de realizar pesquisas e transformar o local em uma atração turística. Apesar disso, o acesso é atualmente restrito devido à preservação dos vestígios arqueológicos.

Urnas funerárias foram encontradas no sítio de Calçoene — Foto: Mariana Cabral/Iepa

As escavações realizadas em 2006, 2009 e 2013 revelaram uma riqueza de artefatos, incluindo vasilhas cerâmicas, instrumentos de pedra e urnas funerárias, sugerindo que o local foi um centro cerimonial importante para os antigos habitantes da região.

O Solstício, evento astronômico marcante, é observado através das sombras projetadas pelas rochas durante o solstício de inverno e verão, entre 21 e 23 de dezembro e entre 21 e 23 de junho, respectivamente. Este alinhamento astronômico sugere uma profunda compreensão dos ciclos naturais e das estações pelos construtores originais do sítio.