Moradores de Manaus voltaram a usar máscara devido à fumaça de incêndios na floresta. Neste final de semana, a capital do Amazonas, estado com a maior cobertura de floresta nativa, registrou a pior qualidade do ar de todo o país, superando São Paulo e Rio de Janeiro. Os incêndios nos municípios que fazem parte da região metropolitana estão tranformando o céu azul em cinza.

Algumas escolas começam a falar em dispensar os alunos, que acabaram de retornar das férias. Para ser considerado de boa qualidade, o ar precisa medir entre 0 e 25 μm/m³. No entanto, Manaus concentra 116.2 μm/m³, o pior índice do país durante o final de semana.

A nuvem de fumaça que sufoca Manaus é um lembrete de que a crise ambiental já não é mais um problema futuro – ela está aqui, agora, e é pior do que muitos imaginam. A cidade, que deveria ser um símbolo de resistência da floresta, hoje luta para respirar em meio a um colapso ambiental que não pode mais ser ignorado. “Autoridades municipais estaduais e federais devem agir de maneira urgente para evitar que o próprio sistema de saúde entre mais uma vez em colapso”, afirma a professora Sueli Gomes, da faculdade de medicina da Universidade Federal do Amazonas.

De todos os lados

Embora registros de vídeos e depoimentos cresçam nas redes apontando a origem do fogo em municípios como Iranduba, Careiro, Manacapuru, próximos da capital, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) aponta que a causa principal dessa nuvem tóxica são as queimadas que ocorrem no Sul do Amazonas.

A Defesa Civil informou que uma frente fria que chegou ao sul do estado alterou a rota dos ventos, carregando a fumaça das queimadas para a região metropolitana de Manaus. A mudança de clima, que poderia ser um alívio para muitos, trouxe ainda mais poluição para os habitantes da capital.

Em julho de 2024, o estado registrou um recorde no número de queimadas para o mês, com 4.241 focos de incêndio, segundo dados do Programa BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Esse é o maior número registrado desde 1998, quando o monitoramento começou.

O cenário se agrava ainda mais quando se considera que o Amazonas está em emergência ambiental. Dos 62 municípios do estado, 22 estão nessa situação devido aos focos de calor. Com isso, a prática de queimadas, com ou sem o uso de técnicas controladas, está proibida por 180 dias.