O presidente colombiano, Gustavo Petro, acusou o governo anterior de Iván Duque de realizar uma transação irregular de US$ 11 milhões para a compra do software espião Pegasus. Em um discurso transmitido nacionalmente, Petro revelou que a Direção de Inteligência Policial teria adquirido o programa de espionagem entre junho e setembro de 2021, usando dinheiro vivo. O Pegasus, fabricado pela empresa israelense NSO, é conhecido por suas capacidades invasivas, como a ativação remota de câmeras e microfones de celulares.

A denúncia de Petro ocorre em um contexto de crescente tensão política na Colômbia. O software Pegasus ganhou notoriedade mundial após um consórcio internacional de mídia revelar que figuras públicas em diversos países, incluindo México e Polônia, foram alvo de espionagem. O uso do Pegasus foi amplamente criticado e investigado em países como Espanha e Holanda, enquanto os Estados Unidos proibiram sua utilização em 2023 devido a preocupações com a privacidade e direitos humanos.

Petro também questionou a transparência do processo, apontando que o relatório da Unidade de Informação e Análise Financeira (UIAF) que revelou a transação foi confidencial e só poderia ser divulgado com a autorização das autoridades israelenses. A ausência de relações diplomáticas entre Colômbia e Israel, em razão de disputas sobre Gaza, permitiu a Petro fazer a revelação sem a necessidade de aprovação prévia.