O pastor Luiz de Jesus, da Igreja Evangélica Catedral da Família, em Palmas (TO), está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual do Tocantins (MP-TO) após denúncias de práticas de “cura gay” durante um culto religioso. O caso ganhou repercussão nacional após a divulgação de um vídeo onde ele tenta exorcizar uma adolescente, associando sua orientação sexual à possessão demoníaca.

O caso foi denunciado ao MP-TO pelo Coletivo Somos, que também ocupa mandato coletivo na Câmara Municipal de Palmas. Em nota, o coletivo afirmou que a prática realizada pelo pastor é “desumana, perigosa e viola direitos fundamentais”. Eduardo Azevedo, integrante do coletivo, enfatizou que “homofobia é crime” e pediu que o episódio seja investigado com o rigor da lei. Segundo ele, a exposição da imagem da adolescente e a associação da homossexualidade a possessões demoníacas configuram grave violação de direitos garantidos pela Constituição, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pelo Código Penal .

Imagens do culto, que circularam amplamente nas redes sociais, mostram o pastor orando pela jovem ao lado de seus pais. Ele afirma que o “demônio” teria influenciado o desejo da adolescente de mudar de aparência e que Jesus a “corrigiria”. “Vai casar com homem, vai ter filhos. A partir de hoje, vai se vestir igual mulher”, declarou o pastor durante o momento. Após a repercussão, a igreja removeu o vídeo das redes sociais .

Repercussão política e jurídica

Além do Coletivo Somos, o deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL) também apresentou denúncia ao MP-TO, pedindo que o pastor seja investigado por LGBTfobia. Em sua representação, o parlamentar destacou que práticas de “cura gay” são vedadas pela resolução nº 1999 do Conselho Federal de Psicologia, que afirma que a homossexualidade não constitui doença nem distúrbio. Cortez classificou o episódio como “tortura psicológica” e alertou para os danos irreparáveis que práticas desse tipo causam, especialmente em menores de idade .

O MP-TO confirmou que recebeu a denúncia no dia 29 de novembro e que a 15ª Promotoria de Justiça da Capital já instaurou um procedimento de investigação. O órgão avaliará as evidências para determinar se houve crime de curandeirismo, LGBTfobia ou outras violações previstas na legislação brasileira .

A denúncia reacende debates sobre práticas que buscam reprimir orientações sexuais e identidades de gênero sob pretexto religioso, frequentemente condenadas por organismos nacionais e internacionais. Enquanto a investigação prossegue, movimentos sociais, como o Coletivo Somos, reforçam que “não há cura para o que não é doença” e pedem responsabilização exemplar para coibir novas ocorrências.

Com informações de UOL e Revista Fórum