Coletivo Canarinhos lança relatório com casos públicos de LGBTfobia na Copa do Catar
Dados foram colhidos pelo Observatório da LGBTfobia no Futebol do Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ
Um levantamento realizado pelo Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+, divulgado nesta sexta-feira (16), aponta 35 casos de LGBTfobia registrados durante a Copa do Mundo Qatar 2022. Além disso, o relatório aponta 25 manifestações que causaram grande repercussão a favor da população LGBTQIAP+. A publicação do documento é feita em parceria com Mídia NINJA e Galera Bet.
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Infelizmente, a situação para pessoas LGBTQIAP+ no Mundial foi desfavorável. O país situado no Oriente Médio é conhecido por leis restritivas e discriminatórias contra a comunidade LGBTQIAP+, incluindo a proibição de relações homossexuais e penalidades severas, incluindo prisão.
Os números apresentados em relatório podem ser maiores, já que os dados foram obtidos a a partir de informações públicas, monitoramento e busca ativa nos sites da mídia, nacionais e internacionais, Comunicados da FIFA sobre abertura de processos disciplinares e postagens nas redes sociais de grupos e torcidas LGBTQIAP+ que estavam presente no evento e reportaram o ocorrido em seus canais de comunicação.
Entre os casos de discriminação, estão os gritos homofóbicos da torcida do Equador, durante a partida de abertura, no dia 20 de novembro, entre o Qatar e o time sul-americano. O Comitê Disciplinar da FIFA decidiu punir a Federação Equatoriana de Futebol com uma multa de CHF 20.000 e o fechamento parcial do estádio (as arquibancadas atrás dos gols) na próxima partida oficial da FIFA a ser disputada no nível “A”.
A Associação Mexicana de Futebol sofreu uma sanção com uma multa de CHF 100.000 em uma competição da FIFA a ser disputada a portas fechadas por sua seleção masculina (suspensa por um período probatório) por violações do artigo 13 do Disciplinar da FIFA Código (Discriminação) à luz dos cânticos de torcedores mexicanos durante as partidas México x Polônia e Arábia Saudita x México.
Em dos casos mais absurdos o cinegrafista da BBC é impedido de entrar no estádio para Al Bayt para o jogo da Inglaterra por estar com pulseira arco-íris que havia recebido de presente do filho.
O caso do jornalista esportivo norte-americano, Grant Wahl, repercutiu mundialmente após ele ter sido impedido de realizar a cobertura do jogo no Estádio Al Rayyan, onde aconteceu a estreia dos Estados Unidos na copa. O também jornalista da TV 2, Jon Pagh,usou a braçadeira em frente ao hotel da seleção dinamarquesa no deserto do Qatar com a mensagem “OneLove” e oficial de segurança do país intervém fisicamente e impede de filmar por causa da braçadeira.
Bandeira de Pernambuco barrada
No dia 22 de novembro, o Jornalista Brasileiro Victor Pereira foi abordado de forma truculenta e teve seu celular tomado por estar com a bandeira de Pernambuco, que eles confundiram com a Bandeira LGBTQIAP+. Após o Coletivo de Torcidas Canarinho acionar o caso para o sistema antidiscriminação da FIFA, a situação foi resolvida.
Além do caso brasileiro, uma braçadeira do arco-íris foi tirada de um torcedor do Colônia pelas forças de segurança do Qatar no estádio – embora a FIFA tenha garantido anteriormente que os torcedores poderiam usar o símbolo do arco-íris. Um torcedor australiano afirmou que foi impedido de entrar no centro de bilheteria depois que a segurança encontrou uma bandeira do orgulho do arco-íris em sua bolsa.
Manifestações pró-LGBTQIAP+ na Copa do Mundo
O levantamento também aponta os destaques das manifestações pró-comunidade LGBTQIA+. Antes da abertura, no dia 14 de novembro, Nasser Mohamed, único LGBTQIAP+ Qatariano publicamente assumido, lança o coletivo de torcida Proud Maroons com o nome do apelido da seleção do Qatar: Maroons. A ideia é aproveitar a copa e dar visibilidade ao que acontece com a comunidade LGBTQIAP+.
Alex Scott, ex-jogadora da seleção inglesa e comentarista da emissora britânica BBC Sport fez uma transmissão ao vivo usando a braçadeira OneLove.
Claudia Neumann, narradora do ZDF, um canal público alemão de TV, se juntou aos protestos e usou camisa e braçadeira nas cores do arco-íris na transmissão do jogo entre Estados Unidos e País de Gales.
Jogadores da Alemanha se manifestaram em protesto ao impedimento de usar a braçadeira OneLove, logo em seguida a Federação Alemã se pronunciou sobre o caso, em apoio aos torcedores. A ministra do interior da Alemanha, Nancy Faeser usa braçadeira OneLove ao lado de Gianni Infantino, Presidente da FIFA. Já o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, James Cleverly, diz que o Qatar tomou “medidas reais” para proteger “torcedores gays”.
LGBTfobia em números
Foram 23 incidentes envolvendo as cores do arco-íris ou a braçadeira OneLove, além disso outras peças foram confundidas com essa representação, mesmo sem ser como a bandeira de Pernambuco. Episódios envolvendo as cores Arco-Íris.
Agentes que praticaram: foram duas seleções punidas em ação disciplinar da FIFA por cantos da torcida (Equador e México) em 3 episódios diferentes
Cânticos da Torcida: foram 17 casos de atos de LGBTfobia praticados por agentes do catar, em sua maioria em proibição ao uso das cores do arco-íris, mas tem episódios onde pessoas foram obrigadas a se despir, foram detidas, tiveram que assinar termos, jornalistas barrados e etc.
Pelo menos 4 intervenções da FIFA para impedir manifestações de apoio à comunidade LGBTQIAPN+ foram detectadas, a começar pela proibição da braçadeira OneLove.
Pelo menos 3 manifestações de atletas contrários à defesa dos direitos da comunidade LGBTQIAPN+, dois jogaram durante o campeonato.
Outras 8 manifestações de agentes diversos também foram detectadas como por exemplo a de influencers Cataris que ficavam disseminando ódio na internet e até um sociólogo que disse que beberia para comemorar a morte do jornalista americano, barrado no estádio com a camisa Arco-Íris.
A maioria dos casos aconteceu nas imediações ou dentro dos estádios e alguns no Fifa Fan Zone, no total foram 18. Incluindo torcedores que foram expulsos do estádio, tiveram itens apreendidos e outros. Na internet foram detectados pelo menos 5 episódios, sendo que alguns são mais de uma manifestação, em especial o episódio onde a HastTag “não à comunidade gay” fica entre as principais citações em árabe no Qatar com mais 40k de twittes.
Internet: Casos 10, 20, 28, 32, 34
Na rádio e TV também detectamos 5 casos: 7 casos foram detectados sem a localização exata de onde exatamente aconteceu, por exemplo a proibição da FIFA do uso da braçadeira OneLove.
“As atitudes homofóbicas colocaram em risco a segurança e o bem-estar de jogadores, torcedores e profissionais envolvidos na Copa do Mundo que são parte da comunidade LGBTQIAP+. Além disso, a falta de medidas para garantir a proteção da diversidade sexual e de gênero”, diz trecho do relatório.
Embora tenha havido algumas iniciativas de grupos de direitos LGBTQIAP+ e de algumas instituições do futebol para
chamar a atenção para esta questão e pressionar as autoridades qatari para mudanças, a situação geral para pessoas LGBTQIAP+ na Copa do Mundo Qatar 2022 continuou a ser desfavorável.
É importante que eventos esportivos internacionais como a Copa do Mundo sejam realizados em países que promovem e protegem os direitos humanos e a diversidade, incluindo a comunidade LGBTQIAP+. A Copa do Mundo Qatar 2022 não cumpriu este padrão e deixou a desejar em termos de proteção e aceitação da comunidade LGBTQIAP+”, conclui o relatório
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https://midianinja.org/news/relatorio-inedito-denuncia-casos-de-lgbtqiafobia-no-futebol-brasileiro/
https://midianinja.org/news/coletivo-de-torcidas-brasileiras-atua-para-combater-a-lgbtfobia-na-copa-do-catar/