O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) iniciou uma reclamação disciplinar para investigar a conduta da juíza federal Gabriela Hardt, que atuou na 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Operação Lava Jato. A decisão foi tomada pelo corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, e assinada na última segunda-feira (17).

O processo busca apurar se a magistrada deixou de tomar as devidas providências, após ser informada sobre irregularidades cometidas pelo ex-juiz Sergio Moro e ex-procuradores da República. A reclamação disciplinar foi apresentada pelo empresário Antonio Celso Garcia, conhecido como Tony Garcia, e agora a juíza terá 15 dias para enviar sua manifestação ao CNJ.

Tony Garcia, ex-deputado estadual no Paraná, afirmou, em entrevistas à imprensa, que foi utilizado como “agente infiltrado”, pelo então juiz Moro e pelos procuradores da Lava Jato, para gravar conversas de investigados nos processos e, supostamente, “perseguir o PT”. Ele assinou um acordo de colaboração premiada, em 2004, durante o caso Banestado, conduzido por Moro, na época.

Posteriormente, o Ministério Público Federal (MPF) solicitou a suspensão do acordo de colaboração, alegando uma suposta omissão de Garcia, e a reativação do processo. A defesa do empresário afirma que, em março de 2021, Tony Garcia relatou à juíza Gabriela Hardt, que substituía Moro, na ocasião, a ocorrência de crimes cometidos pelo, então, juiz, durante o andamento do processo. No entanto, em novembro de 2022, a juíza declarou a rescisão do acordo de colaboração, atendendo ao pedido do MPF.

De acordo com os advogados de Tony Garcia, a denúncia feita pelo empresário só foi levada adiante após o juiz Eduardo Appio, afastado da 13ª Vara, tomar medidas e encaminhar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Por meio de sua assessoria de imprensa, a juíza Gabriela Hardt afirmou que irá fornecer as informações solicitadas pelo CNJ.