A jovem Joelma Figueiredo, de 23 anos, funcionária de uma hamburgueria em Parnaíba (PI), foi vítima de racismo e lesbofobia depois que um cliente se recusou a adquirir um lanche feito por ela. Em mensagens trocadas por Whatsapp entre o cliente e a lanchonete, o homem reclamou que na última compra seu hambúrguer foi feito por uma pessoa que, conforme ele, não era do seu agrado. E então ele explicou: “ela é lésbica e negra, entenda meu lado”.

O caso aconteceu em 12 de março. De acordo com os prints das mensagens, o homem escreveu à hamburgueria: “Desculpe a pergunta, mas meu hambúrguer poderia ser feito por outra pessoa? Lanchei aí na quarta-feira e vi que meu hambúrguer foi feito por uma pessoa que não é do meu agrado”, relatou

Ao demonstrar o racismo e lesbofobia, a funcionária da loja que estava no atendimento mostrou a mensagem a Joelma e elas decidiram, naquele instante, que o caso deveria ser denunciado. Ela respondeu: “Tipo de clientes como você não fazemos a mínima questão em nosso estabelecimento. Que o senhor fique sabendo que a ‘negra e lésbica’ é a melhor chapeira da cidade”.

Na sequência, o cliente afirma: “sou sim preconceituoso e racista”. E ela retorna: “Vamos na delegacia registrar um B.O. (boletim de ocorrência) contra você”.

Joelma disse em uma entrevista ao Globo que não chegou a ir à delegacia de imediato por medo de impunidade, especialmente porque o cliente não foi identificado. Com os prints divulgados, ela começou a receber ataques nas redes e até cogitou que o cliente poderia ser alguém “importante na sociedade”.

Conforme a reportagem, quem a incentivou a oficializar o boletim de ocorrência foi a advogada Mayara Portela, presidente da Subcomissão da Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Piauí (OAB-PI). Ela atualmente presta acompanhamento jurídico e ajuda psicológica.

“Fomos registrar o boletim de ocorrência, mas ainda não foi localizado o cliente. A advogada Mayara Portela está me orientando, mas estou com medo de perder meu emprego. Estamos recebendo mensagens falando que a empresa quer fazer marketing e lucrar com a repercussão do caso”, disse Joelma ao Globo.

O caso foi registrado na delegacia e deve ser investigado pela Polícia Civil.

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