Os portais mundiais falam dela: Claudia Sheinbaum se tornou a primeira mulher presidente na história do México. Coincidências ou sinais, a notícia chega no dia 3 de junho, dia que comemora o início do movimento Ni una Menos em um México com recorde de feminicídios.

Sheinbaum obteve entre 58% e 60% dos votos contra o opositor de centro-direita Xóchitl Gálvez, cuja votação se situa entre 26% e 28%, detalhou a presidenta do Instituto Nacional Eleitoral (INE), Guadalupe Taddei. O centrista Jorge Álvarez Máynez obteve pelo menos 9,9% dos votos.

O INE sublinhou que estes resultados são preliminares e estão sujeitos a confirmação pelos Cálculos Distritais que terão início na próxima quarta-feira, 5 de junho, a partir das 8h00 (horário do México).

A candidata do partido Morena chegará então ao Palácio Nacional no dia 1º de outubro para suceder Andrés Manuel López Obrador (AMLO).

Vitórias estratégicas

A aliança vencedora “Vamos continuar fazendo história” – que inclui Morena, o Partido Trabalhista e o Partido Ecologista Verde do México – não só venceu a corrida presidencial: também reforçou as suas maiorias no Senado e na Câmara dos Deputados, uma variável de caráter institucional de poder que facilitará a agenda estatal de Sheinbaum.

A candidata oficial Clara Brugada também conquistou a prefeitura da Cidade do México, governada pela esquerda desde 1997 e posição fundamental para aspirar à presidência, segundo a contagem rápida oficial divulgada nesta segunda-feira (03).

Brugada completou, assim, a vitória esmagadora de sua co-partidária Sheinbaum. A nova prefeita obteve entre 49% e 52% dos votos, informou o INE.

A candidata derrotou o conservador Santiago Taboada, que obteve entre 27% e 40% dos votos, e o centrista Salomón Chertorivski, com apoio entre 6% e 9%.

“Hoje a maioria da população da Cidade do México decidiu continuar a construir a quarta transformação”, disse a dirigente, referindo-se ao projeto do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.

Dia de eleição e violência

A violência criminosa marcou uma tendência crescente ao longo da campanha eleitoral. E a soma de efetivos da Guarda Nacional, do Exército e da Marinha – mais de 259 mil soldados – não conseguiu deter uma onda de ataques que atravessou todo o México. Não foram acontecimentos isolados, são uma tendência que preocupa a presidenta eleita. No último ano, 38 candidatos foram assassinados e são contabilizados pelo menos 320 incidentes violentos contra políticos, segundo o monitoramento feito pela consultoria Laboratório Eleitoral. Sheinbaum anunciou em seu discurso de vitória que estes serão um dos pontos de trabalho durante o seu mandato para acabar com o crime organizado no país.