Imagine um calendário com encontros e experiências incríveis em todos os estados da Amazônia. Artistas de todo o Brasil se apresentando para o público da região em uma grande rede colaborativa. Um ecossistema de iniciativas culturais engajadas na defesa da floresta. Em breve isto será realidade, com o Circuito Amazônico de Festivais. O lançamento oficial será marcado por shows de vários artistas da Amazônia Legal durante a programação gratuita do Festival Se Rasgum 18 anos, no Pier das 11 janelas, no dia 16 de novembro.

E no dia 14 de novembro, na abertura das atividades de formação do festival, Music On The Table, no Teatro Gasômetro, representantes de todos os festivais que fazem parte da plataforma irão se reunir em um momento histórico. Realizadores que desejem fazer parte do Circuito poderão solicitar a sua adesão à rede, pois as inscrições estarão abertas. Durante todos os dias da programação do festival, os representantes estarão disponíveis para reuniões de parcerias e, ao final, será lançada uma plataforma para acolher de forma permanente novos eventos dos municípios da região.

O encontro ocorre entre as 16h30 e 18h30 e será marcado por uma roda de conversa: “Circuito Amazônico de Festivais” com as presenças de Karla Martins (Festival Varadouro), Luciana Simões (BR-135 – Maranhão), Lidiane Barros (Festival Calango), Vinicius Lemos (Festival Casarão), Heluana Quintas (Festival Quebramar), Renée Chalu (Se Rasgum) e Manoel Rolla (TomaRRock – Roraima). Pablo Capilé, o fundador do Circuito Fora do Eixo e da Mídia Ninja, será o mediador do bate-papo.

Logo depois, das 18h30 às 20h30, as discussões têm a Cultura, Sustentabilidade e Emergência Climática como enfoque. Estão previstas participações da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, Alzzyney Pereira (duo @curumiz), Giovana Abreu (Britsh Concil – Cultura Circular), Lucas Nassar (Laboratório da cidade), Samantha Chaar (Composta Belém – Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá) e Luciana Adão do Oi Futuro mediando o diálogo.

O lançamento do Circuito Amazônico de Festivais, integrado ao Festival Se Rasgum 18 anos, acontecerá no dia 16 de novembro, a partir das 19h no Píer das Janelas com shows especiais de artistas dos estados da Amazônia Legal, representando os festivais. No combo, o público confere apresentações de DJ Digestivo, Nega Ysa, Cravo Carbono, Ana Clara, Thais Badu + Matemba + Agatha Sou + MC Yra, artistas do Pará, além de Yanna MC, do Amapá, Calorosa, de Mato Grosso, Filomedusa, do Acre, e Luciana Simões, do Maranhão.

Festivais integrados

A plataforma desponta como um movimento de organização próprio, auto-organizado e conectado com outras iniciativas pelo Brasil, promovendo uma articulação em rede. Reúne o festival Varadouro (Acre), Calango (Mato Grosso), Quebramar (Amapá), BR-135 (Maranhão), Casarão (Rondônia), Tomarrock (Roraima) e Até o Tucupi (Amazonas). O grupo inicial de festivais é capitaneado, em sua maioria, por organizações femininas, que ativam a cidadania, reposicionam o discurso e articulam novas soluções conectadas ao espírito do nosso tempo.

Uma articulação de parceiros que, nas duas últimas décadas, se manteve na resistência, fomentando a música, alimentando o público e fincando o pé dentro de seu espaço, como grandes janelas e vitrines da música contemporânea amazônica com o resto do Brasil, além de promover a profissionalização do mercado musical regional.

“Nunca fomos tão fora do eixo”, diz a produtora Renée Chalu, revelando que, no caso do Se Rasgum, mesmo diante de dificuldades de visibilidade, somadas ao custo amazônico, o festival se manteve atento a oportunidades, buscando abrir os ouvidos e olhos do Brasil. Além disso, o evento buscou desenvolver iniciativas como o projeto Seletivas Se Rasgum Amazônia Legal, “que faz um mapeamento para selecionar novos artistas amazônicos e colocar no palco, dentro da programação do Festival Se Rasgum”, completa.

O Circuito Amazônico de Festivais surge em um momento estratégico. Historicamente, em meados dos anos 2000, vários festivais independentes ganharam força em todas as regiões do País, o que proporcionou a circulação de diversos produtores e artistas pelo Brasil inteiro, dando início à Abrafin – Associação Brasileira de Festivais Independentes.

Mas o cenário político desfavorável fez com que alguns desses festivais interrompessem suas programações. Os produtores dos festivais, atuando de maneira integrada, vêem no atual cenário um momento oportuno para a retomada de seus projetos, que podem somar e dar ainda mais volume ao movimento de ampliação da produção cultural da Amazônia Legal.

Conheça os eventos do Circuito Amazônico

 

Se Rasgum (PA)

O mais longevo em edições consecutivas, o Se Rasgum chega a sua 18ª edição. Ao longo dos anos, vem descobrindo e abrindo palco para novos talentos em Belém, mas segue com o radar ligado para descobrir a música que desponta na região da Amazônia Legal, abrindo espaço para artistas de todos os oito estados por meio das seletivas.
Novembro, em Belém, já tem a marca do festival, que é um dos mais importantes da música independente no país. O Se Rasgum reúne shows de diferentes gêneros e ritmos musicais, promovendo misturas e parcerias inéditas e inusitadas. Tecnobrega, samba, carimbó pau-e-corda, indie, psicodelia, lambada, eletromelody, trap, MPB e punk são alguns dos estilos que ecoam pelo palco do evento.

Calango (MT)

Realizado pela primeira vez em 2001 e incorporado ao escopo de iniciativas do Espaço Cubo, em 2003, teve edições quase consecutivas até 2010. Com nova fusão, o projeto que foi berço do Fora do Eixo será retomado em 2024. Em oito edições oficiais, somadas às ações paralelas, no palco do festival circularam mais de 1 mil artistas de várias regiões do país.

Em Cuiabá, o Calango tem uma contribuição imensurável para o surgimento de novas bandas, formação de público e circulação de artistas emergentes de outros estados, num movimento que, até hoje, é celebrado. Em 2024, a ideia é reunir artistas que ajudaram a construir essa história e, também, talentos da nova geração da música mato-grossense.

Casarão (RO)

O Festival Casarão é o principal festival de música independente da cena de Rondônia, no meio da Amazônia, que ocorre desde os anos 2000. O nome se refere ao local onde ocorria o evento: um casarão histórico, na beira do Rio Madeira, construído no final dos anos 1800 para a Ferrovia Madeira-Mamoré. Em 2008, com a construção das Usinas do Madeira, o festival não pôde mais ser realizado lá, e passou a circular pela cidade de Porto Velho, capital do estado. O Festival Casarão é resistência nortista, um evento que apresenta o estado de Rondônia e região para a nova música brasileira, com as novidades, a história, a tradição do que é produzido no Brasil, além de conectar a cena musical de Rondônia com o restante da cena brasileira.

Diante desse contexto e das duas últimas edições pós-pandemia (2022 e 2023), com sucesso de produção e integração de diferentes estados nas edições, o festival voltou à ativa e com certo protagonismo na Região Norte, sendo um dos pioneiros da cena e com longevidade, com o intuito de manter a sua própria tradição e manter Rondônia no mapa da música brasileira.

Até o Tucupi (AM)

Em Manaus, o Festival Até o Tucupi destaca-se como o único evento de artes integradas independente, com foco na valorização das artes e na juventude, além de promover o intercâmbio cultural entre Manaus e outras regiões do Brasil.
Na sua 16ª edição, que ocorre ainda em 2023, mantém um histórico de realizações anuais consecutivas. O festival inclui uma tradicional Mostra de Música, com apresentações de artistas locais e de outros estados, juntamente com uma programação diversificada que engloba formações, debates e intervenções artísticas integradas.

BR-135 (MA)

O BR-135 reúne artistas locais e nacionais que se destacam no cenário independente. A ideia é ocupar o centro de São Luís com música e arte, tudo gratuitamente. Em paralelo aos shows, acontece o Conecta Música, a etapa de formação que abrange palestras, oficinas e encontros entre artistas, produtores e jornalistas de várias cidades brasileiras, debatendo sobre arte, cidadania, música, cultura digital e jornalismo cultural. Outro destaque do festival é o Mercado BR, uma feira que reúne pequenos negócios da economia criativa.

Em nove anos de festival, passaram pelos palcos do BR-135: Céu, Arnaldo Antunes, Di Melo, Nação Zumbi, Baiana System, Liniker, Rubel, Pinduca, Siba, Curumim, Mombojó, Felipe Cordeiro, Dona Onete, Criolina, Orquestra Brasileira de Música Jamaicana, além de mais de 50 bandas selecionadas por um edital aberto para artistas de todo o país.

Quebramar (AP)

O Festival Quebramar é um festival de artes integradas, com cinco dias de duração, que ocorre na Fortaleza de São José, em Macapá (AP), às margens do maior rio do mundo, o Rio Amazonas. Com sete edições, no palco do Quebramar já circularam mais de 200 atrações de todo o país. Além de fomentar a participação de jovens artistas do Amapá, proporciona o intercâmbio com agentes culturais de outras regiões.

Em 2024, promete conectar ainda mais as amazônias ao garantir atrações dos Platôs das Guianas. As ações do festival estimulam a qualificação, produção e circulação de artistas, em diferentes segmentos, mas com destaque para a música. Além de shows de música popular e instrumental, o público confere espetáculos teatrais, exposições e mostra de cinema. Todas as atividades são gratuitas.

Varadouro (AC)

O Festival Varadouro, o maior festival da história de Rio Branco, tem sido uma janela para a força cultural do Acre. Com suas edições anteriores, o Varadouro proporcionou uma experiência única para milhares de participantes, mostrando ao Brasil a vitalidade cultural do estado.

O festival não apenas celebra a música, mas também oferece uma plataforma para diversas linguagens artísticas, fortalecendo a interação e o intercâmbio cultural entre o Acre e outras regiões do Brasil. O Varadouro se compromete com a promoção da cultura local e regional, e se destaca como uma contribuição significativa para a tapeçaria cultural da Amazônia. Em 2024, o evento retoma suas atividades.

Tomarrock (RR)

O Festival Tomarrock de música e artes integradas nasceu em Roraima, no extremo norte do Brasil, em 2008. Até 2017, foram 10 edições. Realizado pelo Coletivo Canoa Cultural, da rede do Circuito Fora do Eixo, é o único festival do estado que possibilita o intercâmbio cultural através de shows, oficinas e mesas redondas.

Além disso, promove o fomento à cultura local através de uma plataforma que permite que todos – público e artistas – tenham a possibilidade de serem quem realmente são, sem as opressões sociais. O Tomarrock retoma suas atividades em 2024, dando espaço e visibilidade a quem produz e vive a arte em Roraima.

Lançamento do Circuito Amazônico de Festivais durante a programação do Festival Se Rasgum 18 anos:

Cravo Carbono (PA)
Filomedusa (AC) convida Ana Clara (PA)
Calorosa (MT) convida Luciana Simões (MA)
Thais Badu (PA) + Matemba (PA) + Agatha Sou (PA) + MC Yra (PA) + Yanna MC (AP)
Nega Ysa (PA -Seletivas Se Rasgum Amazônia Legal)
DJ Digestivo (PA)

– Píer das Onze Janelas
16 de novembro, a partir das 19h – Entrada gratuita
Praça Frei. Caetano Brandão, s/n. Cidade Velha – Belém-Pa.

– Programação Formativa do Festival Se Rasgum 18 Anos, Music On The Table, com painéis, oficinas, workshops e palestras voltadas ao mercado musical, cultural, além de temas atuais e relevantes voltados à sustentabilidade e emergência climática:

14 a 17 de novembro no Teatro Gasômetro, Usina da Paz do Jurunas e Auditório do Palacete Faciola

Programação completa nas redes do festival @serasgum