Lançada durante o 2° Encontro das Periferias e elaborada pela Frente Periférica por Direitos com mais de 50 coletivos e mil lideranças comunitárias de diferentes regiões da cidade de São Paulo, a Carta Compromisso – Periferias pelo Clima ressalta a preocupação e o ativismo climático dessas lideranças em busca de justiça climática.

“As periferias de São Paulo, historicamente, sofreram os impactos ambientais decorrentes da falta de planejamento urbano. A expansão acelerada da cidade não foi neutra: priorizou grandes interesses econômicos, como os do mercado imobiliário, cuja sua lógica da exclusão relegou a população periférica a áreas degradadas e de risco. (…) Ao longo dos anos, essas comunidades vivenciaram tragédias causadas por chuvas intensas, enchentes e deslizamentos de encostas. Se antes esses desastres já comprometiam as condições de vida das pessoas, por fazê-las perder seus pertences e até suas moradias, atualmente impactam também a saúde física e mental das pessoas.” diz um trecho do documento.

A carta, com mais de 20 páginas, propõe soluções em areas como: políticas de gestão de resíduos sólidos; educação ambiental e participação social; gestão de riscos e proteção comunitária; moradia e regularização fundiária; economia Solidária e compras públicas; saneamento básico, drenagem pluvial e tratamento de esgoto.

Para o Brasil de Fato, Edson Pardinho, dirigente regional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Grande São Paulo, explicou sobre a elaboração da carta “Reunimos pessoas de todos os setores da cidade de São Paulo, da zona leste, norte, sul, noroeste, e ouvimos as pessoas das periferias que são impactadas diretamente. O nosso objetivo é levar nessa carta as vozes que são silenciadas”, afirmou.

Ele também comentou sobre as desigualdade em espaços como a COP, conferência da ONU sobre clima que esse ano ocorre em Belém, Pará: “Se a COP fosse resolver uma coisa, já tinha resolvido. Ela é um espaço importante de disputa de poder. Então, nós precisamos estar organizados e nos unir aos nossos pares de outros territórios para que juntos construamos um projeto alternativo de poder que nos favoreça”, defendeu.

E a carta, feita pelas mãos de diversas lideranças periféricas, corrobora essa ideia “o que nos interessa é uma transformação radical da sociedade, em que o poder esteja descentralizado nas mãos de muitos, não centralizado em “cúpulas”, áreas azuis, verdes ou qualquer outra forma de exclusão e separação de povos. Queremos outro sistema econômico, que não produza tudo que denunciamos nesta carta, exclusão social, degradação ambiental e mortes.” diz um trecho do documento.

Com informações do Brasil de Fato