
Cine Nave recebe mostra dedicada ao cinema moderno japonês em parceria com o CineMaximo
Programação combina exibições e debates para refletir sobre história, estética e sociedade japonesa
O Cine Nave, espaço de cinema da Nave Coletiva em São Paulo, abre sua programação de setembro com uma mostra especial dedicada ao cinema moderno japonês. As sessões, sempre seguidas de debate, buscam criar encontros entre público, realizadores e obras, reafirmando a vocação do espaço como lugar de exibição, reflexão e trocas críticas sobre o audiovisual.
Realizada em parceria com o CineMaximo — cineclube criado em homenagem ao cineasta, professor e pesquisador Maximo Barro (1930–2020) —, a mostra “O Sangue Vermelho do Sol Poente” se debruça sobre quatro décadas da produção japonesa, do pós-guerra aos anos 1980. A proposta é revisitar filmes que tensionaram a tela com questões sociais, políticas e formais, revelando um cinema engajado, plural e marcado por uma ética própria diante das influências estrangeiras.
A sessão de estreia acontece no dia 3 de setembro, às 14h30, com a exibição de “Carta de Amor” (1953), longa de Kinuyo Tanaka, e “Tokyo 1958”, curta coletivo dirigido por nomes como Hiroshi Teshigahara e Susumu Hani. O diálogo entre as obras evidencia um Japão em reconstrução, atravessado pelo trauma da guerra, pela invasão cultural estrangeira e pelas transformações de gênero e sociedade. Enquanto Tanaka mergulha no íntimo de um protagonista atormentado, expondo fraturas emocionais e valores arcaicos, o curta satírico investe no choque visual para retratar a capital como símbolo da modernidade desenfreada.

A programação segue até dezembro, com exibições de clássicos como “O Fantasma de Yotsuya” (1959, Nobuo Nakagawa), “Funeral das Rosas” (1969, Toshio Matsumoto), “Império dos Sentidos” (1976, Nagisa Ōshima) e “Tetsuo, o Homem de Ferro” (1989, Shinya Tsukamoto), além de curtas de artistas como Yoko Ono, Ozamu Tezuka e Takashi Ito. Ao longo de oito sessões, o público poderá acompanhar as mudanças formais e temáticas dessa cinematografia, que mesmo à margem da indústria se conectou profundamente às inquietações sociais do seu território.
A entrada é gratuita. Para garantir seu lugar na sessão de estreia da mostra “O Sangue Vermelho do Sol Poente”, basta preencher o formulário de inscrição disponível neste link.