Por Lilianna Bernartt

O Cine Ceará deu início à sua 35ª edição na noite de sábado (20), no Cineteatro São Luiz, em Fortaleza. A cerimônia de abertura reuniu artistas, estudantes e representantes do setor cultural em uma celebração que misturou cinema, festa, reflexão e posicionamento político.

Cinema como empatia

A diretora artística do festival, Margarita Hernández, ressaltou o caráter político do evento ao afirmar que “o cinema é empatia – o evento volta seu olhar para os povos que sofrem com guerras injustas e desumanas.” A fala foi recebida com entusiasmo pelo público, que mais tarde emendou o coro de “Sem Anistia”, lembrando que a arte também é espaço de resistência.

Mariana Ximenes recebe o Troféu Eusélio Oliveira

A atriz foi a grande homenageada da noite, reconhecida por sua contribuição ao cinema brasileiro. Com mais de duas décadas de carreira, Mariana construiu personagens marcantes em filmes como O Invasor (2002), de Beto Brant, além de títulos como Muito Gelo e Dois Dedos d’Água (2012), Um Homem Só (2016) e Capitu e o Capítulo (2021).

Filha de cearenses, a atriz fez um agradecimento emocionante à mãe: “muito orgulho da minha mãe, que me transmitiu, mesmo que à distância, o orgulho de pertencer a esta terra, sangue que corre nas minhas veias, raiz que carrego no meu coração.”

Mariana recebeu o Troféu Eusélio Oliveira das mãos do cineasta cearense Halder Gomes.

Foto: Lilianna Bernartt/Cine Ninja
Foto: Lilianna Bernartt/Cine Ninja

Pequenos grandes cineastas

A abertura também foi marcada pela primeira exibição do curta de animação Cada um na sua tomada, produzido por vinte alunos da rede pública de Fortaleza dentro do Projeto Compartilha Animação, iniciativa da Enel Ceará em parceria com a Associação Cultural Cine Ceará. Orientados por profissionais, os jovens criaram uma obra que aborda de forma lúdica e educativa a segurança no uso da energia elétrica. Após a sessão, os estudantes subiram ao palco e receberam certificados, orgulhosos de ver seu próprio trabalho em uma tela de cinema. Pelo que vimos em tela, uma nova geração de cineastas desponta no horizonte.

Ceará Filmes

Ainda durante a noite, o Secretário Executivo da Cultura do Ceará destacou avanços recentes para o audiovisual, como a criação da Ceará Filmes, primeira empresa pública de audiovisual do estado. Segundo ele, o objetivo é fortalecer de forma contínua a cadeia produtiva local, garantindo políticas de longo prazo para o cinema feito na região.

Estreia mundial de Gravidade

Encerrando a noite, foi exibida a estreia mundial de Gravidade, de Léo Tabosa, com nomes de peso como Marcélia Cartaxo, Hermila Guedes e Clarisse Abujamra no elenco. O longa propõe uma reflexão sobre o feminino geracional e sobre a humanidade como causadora de seu próprio fim.

Ao acompanhar a abertura, fica claro que, além de exibir filmes, o Cine Ceará se afirma como espaço de encontros – entre gerações, entre política e arte, entre a memória do cinema brasileiro e o desejo de projetar novos futuros.

A programação acontece até o dia 26 de setembro, é gratuita e pode ser conferida na íntegra no site oficial do evento: www.cineceara.com