Por Milenna Alves e Alanna Jales, para Cobertura Colaborativa Paris 2024

Na última terça-feira (30), a ginástica artística brasileira subiu ao pódio como a terceira melhor equipe do mundo na disputa por equipes. 44 anos separam a estreia da ginástica brasileira em Olimpíadas do bronze inédito conquistado por Jade Barbosa, Flávia Saraiva, Júlia Soares, Lorrane Oliveira e Rebeca Andrade. 

Desbancando grandes países que são escola na modalidade, como a China e a Grã-Bretanha, as atletas brasileiras assinaram seu nome na história e consolidaram o avanço da ginástica artística brasileira. 

Mas para chegar a essa inédita medalha, muitos outros nomes foram importantes. Ginastas que tiveram a dura missão de serem pioneiras, de caminhadas muitas vezes solitárias e que hoje podem celebrar pódios históricos para o Brasil. 

Cláudia Magalhães

Fonte: Arquivo Pessoal/Eliane Pereira

Impossível pensar na história da ginástica feminina do Brasil e não citar Cláudia Magalhães. Pioneira, a carioca tem a honra de ser a primeira ginasta do Brasil a disputar uma Olimpíada. 

Com apenas 18 anos, Cláudia competiu nos Jogos de Moscou em 1980, e conseguiu uma histórica classificação na disputa final do individual geral, onde terminou na 31ª posição. 

Três anos depois, no Pan-Americano de 1983, Cláudia venceu o bronze por equipes, uma conquista inédita que colocou o grupo como as primeiras mulheres a vencerem uma medalha para o Brasil na competição continental. 

Luísa Parente

Foto: Edu Garcia/Estadão Conteúdo 

Dona das primeiras medalhas individuais da ginástica artística brasileira, quando venceu o ouro no salto e nas barras assimétricas durante o Pan-Americano de 1991 em Havana, Luísa Parente é peça primordial da histórica da nossa ginástica. 

As conquistas de Luísa fomentaram o desenvolvimento da modalidade no país em um momento de pouco investimento. Sendo a primeira a participar de duas Olimpíadas, Seul 1988 e Barcelona 1992, Luísa foi a ginasta referência nos anos 80 e 90 no Brasil. 

Daniele Hypólito

Foto: Thomas Coex/ AFP

A paulistana Daniele Hypólito é também um dos grandes nomes da ginástica artística brasileira. Ela se consolidou como referência para o Brasil durante os jogos Pan-Americanos (1999 a 2015), em que conquistou três medalhas de prata e seis de bronze. 

Foi em 2001 que Hypólito, aos 17 anos, garantiu a primeira medalha individual de uma ginasta brasileira em um campeonato mundial. Ela foi medalha de prata no solo na edição em Gante, na Bélgica, e a quarta colocada no individual geral. 

Além disso, a ex-ginasta competiu em cinco edições das Olimpíadas, sendo Sydney-2000, Atenas-2004, Pequim-2008, Londres-2012 e Rio-2016. Em Pequim e no Rio, ficou com o oitavo lugar na disputa por equipes.

Daiane dos Santos

Foto: Paul Gilham/Getty Images

Daiane dos Santos começou sua trajetória como ginasta no Grêmio União Naútico. Aos 16 anos, integrou a seleção brasileira de ginástica artística em 1999, competindo no Pan-Americano de Winnipeg. Foi na cidade canadense que a porto-alegrense conquistou suas primeiras medalhas: prata no salto e bronze nas equipes. 

Já com 20 anos, em 2003, competiu no Mundial de Anaheim, em que conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil nesta competição. Ainda mais, Daiane apresentou um duplo twist carpado, um movimento nunca visto pelo mundo, que foi homologado e nomeado de “Dos Santos I” pela Federação Internacional de Ginástica.

Em 2004, nas Olimpíadas em Atenas, Daiane dos Santos, mesmo lesionada, exibiu um novo movimento ao mundo: o duplo twist esticado, que também foi homologado e recebeu o nome de “Dos Santos II”. Nesta edição, ela terminou a prova em quinto lugar no solo.

Nos jogos Pan-Americanos do Rio em 2007, conquistou a medalha de prata por equipes, com o detalhe de que também estava lesionada. A ex-ginasta participou de cinco edições de Mundiais e três Olimpíadas.

Rebeca Andrade

Fonte: Luiza Moraes/COB

Se antes celebramos a primeira participação em Olimpíadas com Cláudia Magalhães, com Rebeca celebramos o lugar mais alto do pódio. Primeira medalhista olímpica e primeira campeã olímpica, Rebeca é o voo mais alto da ginástica artística brasileira. 

Nascida em Guarulhos, São Paulo, Rebeca ascendeu seu nome na história da modalidade em Tóquio 2020, ao conquistar a prata no individual geral, sendo o primeiro pódio da história da ginástica, e o ouro no salto, consagrando-se como nossa primeira campeã. 

Em Paris 2024, a ginasta de 25 anos continuou fazendo história. Bronze por equipes, prata no individual geral, prata no salto e ouro no solo, Rebeca é agora a maior medalhista, entre homens e mulheres, do Brasil em Olimpíadas.  

Foto: Reuters 

Portanto, essas 5 mulheres construíram e consolidaram o percurso da ginástica artística feminina brasileira. Abriram portas uma para as outras e elevaram o nível de excelência da modalidade no Brasil. 


São campeãs e suas medalhas contam a história de um esporte que vem crescendo e evoluindo em sua capacidade, além de conquistar cada vez mais os olhares do público para mulheres guerreiras e de grande maestria. O bronze conquistado por Jade Barbosa, Flávia Saraiva, Júlia Soares, Lorrane Oliveira e Rebeca Andrade foi só o começo de grandes vitórias que estão por vir.