Cidades do Norte e Nordeste do país sofrem com enchentes e alagamentos
É urgente cobrar do poder público e de países desenvolvidos ações e financiamento para adaptações, perdas e danos.
O Maranhão declarou estado de emergência em 49 municípios. Rio Branco, capital do Acre, tem cerca de 1,9 mil pessoas desabrigadas, e estima-se que mais de 4 mil pessoas estejam desalojadas, com ao menos 36 bairros atingidos. Em Manaus choveu entre 70mm e 113mm em um intervalo de poucas horas no sábado (25) causando deslizamentos e arrastando casas. Em Marabá, no Pará, a cheia do Rio Tocantins levou a alagamentos em 14 pontos da cidade, afetando 3.600 famílias. Além disso, rios no estado do Tocantins estão com níveis elevados, e famílias foram afetadas. Milhares de animais também morreram, arrastados pela correnteza para áreas fora de seu habitat natural. As safras de arroz foram perdidas devido aos alagamentos, e as chuvas obstruíram as rodovias.
Áreas devastadas, desmatamento, garimpo, agronegócio. A destruição dos biomas brasileiros acontecem em nome do desenvolvimento, sem levar em conta as populações fragilizadas que habitam áreas de risco. Quando ocorrem grandes chuvas, bairros inteiros desaparecem debaixo d’água. Além dos fatores naturais, como o período de março, que é de muitas chuvas, e o fenômeno climático La Niña, que resfria o Oceano Pacífico e aumenta as chuvas nas regiões Norte e Nordeste, o resultado está sendo visto desde a metade do mês de março, com cidades em estado de emergência no Maranhão, terras indígenas alagadas em Rondônia e a capital do Acre, Rio Branco, com mais de 38 mil pessoas afetadas, entre outros efeitos já citados.
Há anos, a humanidade convive com os efeitos dos eventos climáticos, mas a situação está cada vez mais grave e a injustiça climática é gritante. Em fevereiro, o litoral norte de São Paulo foi atingido por uma tragédia causada pelas enchentes, que afetou tanto a luxuosa Barra do Sahy quanto a Vila do Sahy, região onde viviam trabalhadoras e trabalhadores em casas precárias na encosta da Serra do Mar, a partir de ocupações feitas por famílias pobres que buscavam emprego na Barra. A triste situação foi amplamente divulgada pela mídia e muita ajuda chegou às pessoas que foram afetadas. O que não tem acontecido com a mesma intensidade nos estados atingidos nas regiões Norte e Nordeste do país, que sofrem com grandes enchentes e alagamentos, com cenas chocantes de casas sendo arrastadas pelas ruas cheias de água de Manaus, um senhor sendo resgatado pelo telhado em Rio Branco, um deslizamento de terra gigante no Maranhão, entre tantas outras. Isso demonstra uma aparente injustiça com o apagamento do sofrimento de brasileiros e brasileiras que nasceram e vivem em regiões menos ricas, e também o racismo ambiental, já que essas áreas têm mais pessoas negras – pretas e pardas – e indígenas, além de grande população tradicional.
O que está acontecendo é um exemplo explícito da emergência climática pela qual o mundo passa, e quem serão as pessoas mais atingidas. Por isso é urgente cobrar do poder público e de países desenvolvidos ações e financiamento para adaptações, perdas e danos. Os desastres estão acontecendo, é necessário que os principais causadores sejam responsabilizados e atuem para mitigar o efeitos da crise climática