Cia. Dxs Terroristas instaura ‘Ditadura Gay’ em São Paulo
Grupo prepara rodas de conversa, oficinas, intervenções urbanas e exposição para fortalecer resistência LGBT em espaços conservadores.
Cia. Dxs Terroristas prepara rodas de conversa, oficinas, intervenções urbanas e exposição para fortalecer resistência LGBT em espaços conservadores da região do Jaçanã Nem Adoniran Barbosa imaginaria que o bairro do Jaçanã, imortalizado por ele na música “Trem das Onze”, se tornaria um local extremamente conservador e de risco para a comunidade LGBT da região. Como resposta ao fundamentalismo dessa área, a Companhia dxs Terroristas apresenta o projeto “Ditadura Gay”, que propõe uma série de ações e diálogos em diversos espaços públicos da zona norte com artistas locais e de outras regiões da cidade.
Ao todo, são seis oficinas, quatro rodas de conversa, quatro intervenções urbanas, uma exposição, publicação de uma HQ e uma performance cênica, apresentadas entre abril e junho de 2018. Todas as atividades têm o intuito de fortalecer uma rede de resistência construída por meio de ações poético-anarquistas, como forma de “enviadescer” os espaços e fazer a comunidade LGBT coexistir em locais públicos com população geral sem a necessidade de criar ou reforçar guetos excludentes.
A “Ditadura Gay” é uma ficção distópica apresentada nesses espaços como reflexão urgente da voz ativa da comunidade LGBT. A ideia nasceu após as famosas falas de políticos ligados à bancada da bíblia, em que afirmam que estamos vivendo ou caminhando para uma ditadura gayzista. O projeto é contemplado pelo Programa Municipal de Valorização de Iniciativas Culturais – VAI.
Toda a programação é gratuita, apresentada em espaços públicos e conta com convidados ícones e ativistas do universo LGBT, como Inês Brasil, Buzz Marcitelli, Mc Dellacroix e o grupo Mães Pela Diversidade.
Sobre a Cia. Dxs Terroristas
Originária do Programa Vocacional da Cidade de São Paulo, a CiA dXs TeRrOrIsTaS foi fundada em 2016 com o desejo de investigar e provocar terrorismos poéticos na região norte de São Paulo.Inspirados pelos manuscritos do historiador alemão Hakin Bey, o grupo trabalha a ideia de atentado como linguagem, esbarrando pela via da performance como potência ativa de promover diálogos poéticos com seu público. Questionando a constante academização das artes e a grande dificuldade que está muitas vezes ocasiona para dialogar com o público periférico, utiliza de referências populares e cotidianas para a construção de dramaturgias de identificação que acessam imediatamente o inconsciente coletivo dos nossos. Trata-se de uma subversão das ferramentas de marketing capitalistas, trazendo o tosco e o brega como plataforma de base.
O grupo foi incorporando apropriações de identidade à sua pesquisa depois de um período de autoconhecimento individual e coletivo, após experimentar diversos trabalhos em torno do tema “corpo e gênero”. Mesmo que de forma inconsciente, a priori, os terroristas poéticos da companhia alimentavam um desejo vivo pelas questões em torno do tema e aprofundavam cada vez mais as possibilidades deste por vias práticas e teóricas em um mergulho cada vez mais vertical.
Autodenominados terroristas poéticos, os membros da CiA dXs TeRrOrIsTaS não almejam nenhuma verticalização de linguagem. Pelo contrário, “desejamos implodir todas as linguagens de modo que suas divisões percam o sentido e permitam a construção de novas noções de expressão ou a evidência de outras vias de fazer arte menos normativas e dominantes”, lembra Taís Costa, proponente do projeto.
Ainda em processo de busca de novas alternativas para uma arte terrorista que permita discussões viscerais dos paradoxos pertinentes ao universo LGBT, a Cia, Dxs Terroristas promoveu em 2016 o evento #PrePaRaOlímpiadas. Percebendo a impossibilidade de diálogos com os diferentes no território do Jaçanã e entorno (lugar extremamente militarizado e conservador), a Cia. resolve promover ações para atrair os pares. Num processo tímido de erotismo revolucionário, com uma intenção simples de se aproximar dos moradores gays e lésbicas que ocupavam as quadras do CEU Jaçanã para jogar vôlei e futebol, desenvolvem essa ação que se explode para além de si e que cria a primeira rede de proteção e fortalecimento de LGBT+ da Zona Norte, contando com apoio de parcerias importantes como o Centro de Cidadania LGBT Zona Norte, O Centro Desportivo LGBT do Brasil, a equipe da Gaymada SP, o núcleo LGBT da UJS (União da Juventude Socialista), o coletivo Lacração do Programa Vocacional, a UNA (União Nacional LGBT) e diversos artistas da cidade com os quais as terroristas puderam estabelecer parcerias e criar diálogos que se estendem até hoje.
Mais informações:
Site: http://ciadosterroristas.wixsite.com/home
Facebook: www.facebook.com/ciadxst
Canal do YouTube: Cia Dxs Terroristas
Lucas Galdino
Assessor de Imprensa
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