China e EUA: entenda a importância das decisões das duas potências na COP26
Será que as grandes potências estão preparadas para abrir mão de seus modelos econômicos para o benefício de todo o planeta?
Por Kawê da Silva Veronezi, Lívia Tindade, Isabela Vanzin da Rocha e Cláudia Herte de Moraes, para a Cobertura Colaborativa NINJA na COP26
Os Estados Unidos e a China são os países que mais poluem o planeta Terra. Sendo grandes potências do mundo capitalista, ambos possuem economias fortes. Porém, o desenvolvimento econômico leva a consequências como desigualdades e estragos no ambiente natural.
Isso acontece porque esses países, inseridos em um contexto de alta produção no sistema capitalista, buscam largas escalas de fabricação e desenvolvimento, recorrendo a máquinas, sistematização e exploração de recursos naturais para seu crescimento. Este formato de produção é padrão no mercado de empresas, assim como em governos e nações por décadas, acelerado e incentivado pela Revolução Industrial.
Qual é o preço dos avanços tecnológicos e industriais conduzidos pelas duas grandes potências mundiais?
Sabemos que o aumento da emissão de CO2 é um dos valores que se soma à conta. Nos parece que vale tudo para sustentar um modelo de economia que não é acessível a todos. Porém, ativistas e ambientalistas pedem urgência em mudanças pelas consequências desastrosas deste modo de produção poluente..
As medições do aquecimento global realizadas nas últimas décadas, comprovam que a grande emissão de gases oriundos das atividades humanas, especialmente por grandes corporações e por países do Norte, causa graves problemas sistêmicos que prejudicam inúmeras populações ao redor do globo.
Diante dos processos de globalização aos quais passamos e também pelos quais transformaram modos de viver e de trabalhar, como esses dois países que são considerados potências mundiais estariam preocupados em colaborar entre si para frear as alterações climáticas?
Com a emergência climática batendo à nossa porta, cientistas indicam a necessidade de uma mudança urgente, antes que estejamos próximos à extinção da espécie humana. Segundo os dados apresentados pelo IPCC (International Panel Climate Change, conhecido no Brasil como Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), lançado três meses anteriores à COP-26, não há outra opção além de reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa.
Por pressão ecológica, e também social e ambiental, recentemente os dois países já declararam que estão dispostos a reduzir as emissões de gases estufa, causadores das mudanças climáticas. Isso pode ser um começo, mas já estamos contra o relógio.
O enviado especial dos Estados Unidos John Kerry chama a Cúpula de “última melhor chance para a humanidade fazer mudanças importantes para mitigar as mudanças climáticas”. Isso pois as expectativas são altas para compromissos mais ousados com fontes renováveis de energia e uma economia com baixa emissão de carbono.
Promessas antes da COP-26
As lideranças das duas grandes potências e que mais emitem dióxido de carbono (CO2) já anunciaram seus compromissos para redução das emissões.
EUA
Biden chega a COP-26 sem um acordo nacional para combater as alterações climáticas. Sua proposta mais ambiciosa é até 2030 reduzir entre 50% e 52% em comparação aos níveis do ano de 2005.
Um ponto que recebeu críticas de especialistas foi o fato de parte do programa que penalizava as empresas que não apostassem em renováveis foi vetado no Congresso. Por mais que queira fazer diferente do ex-presidente Trump, ele também chega sem legislação que faça avançar estes objetivos climáticos.
Por mais que as falas oficiais sinalizem ações mais ousadas, o secretário-geral da ONU, António Guterres, prevê um cenário negativo. “Estamos à beira do abismo e é preciso muito cuidado com o próximo passo. E o próximo passo dos países acontecerá na COP26, em Glasgow”, disse Guterres à Reuters, ao mencionar um possível fracasso político.
As desconfianças, conflitos e disputas geopolíticas entre as grandes potências e a falta de medidas nacionais mais ambiciosas são fatores que corroboram esse possível fracasso.
China
- Até 2030 alcançar 25% de sua energia fornecida por fontes renováveis, aumentando em 9 anos 12% de produção limpa.
- Até 2030 reduzir a intensidade de carbono em 60% e 65%, apostando na decisão de banir o carvão de seus processos.
- Até 2060 alcançar a neutralização de carbono
Enquanto na Contribuição Determinada em Nível Nacional (NDC, na sigla em inglês), Pequim relembra aos países desenvolvidos que os mesmos devem “assumir suas responsabilidades históricas e continuar liderando, com clareza, a redução de emissões”, a nova contribuição gerou bastante crítica de especialistas ao parece ser tímida demais pela urgência de mudanças.
Li Shuo, do Greenpeace China, escreveu em seu Twitter que “o mundo não pode permitir que essa seja a última palavra, e Pequim deve desenvolver planos de implementação para garantir o pico de emissões antes de 2025”.
O que nos resta é esperar que o diálogo com as outras Nações construam compromissos globais mais eficientes e práticos para a minimização dos efeitos climáticos pelo impacto humano.
Mas a pergunta que não quer calar: será que as grandes potências estão preparadas para abrir mão de seus modelos econômicos para o benefício de todo o planeta? Impossível saber, porém fica cada vez mais nítido que, sem esses passos de conciliação pelo clima, vindo de grandes poluidores, nossos esforços podem ser em vão.
Quer se aprofundar sobre o assunto? Confira o artigo “E se Neutralizar as Emissões de Carbono Não For Suficiente? Conheça o Esforço Para ‘Restaurar’ o Clima“