A Semana Chico Mendes começa no dia 15 de dezembro, que seria aniversário de Chico, um nome que todo cidadão e cidadã brasileira já ouviu falar pela sua luta em defesa da Amazônia. E ouvimos falar pouco, porque ele é muito maior que isso: Chico é gigante. 

Essa Semana se encerra em 22 de dezembro, dia em que em 1988, foi covardemente assassinado, em casa, na presença da esposa e dois filhos pequenos, além de dois policiais que faziam sua segurança.

“A cidade tá estranha”, disse seu companheiro Gumercindo Rodrigues, o Guma, antes de sair da casa de Chico para dar uma volta e ver o que estava acontecendo em Xapuri (AC). Foi o tempo da liderança seringueira ser assassinada, quando ia tomar um banho. Durante dias, seus assassinos ficaram acampados atrás de sua casa, de tocaia, aguardando o momento de matá-lo, porque “esse homem tá dando trabalho”, como apontavam os fazendeiros, que viam as alianças e crescimento de Chico Mendes – como liderança extrativista e da floresta – como um problema a ser eliminado.

A morte de Chico não foi o fim de uma luta, mas a afirmação do legado que construiu durante sua vida, que desde menino se baseava em cortar seringa e proteger a floresta. Talvez criança ele não entendesse tanto isso, mas ao crescer, e ver os ruralistas derrubando a floresta, que era o seu sustento e até hoje é de diversas famílias, se colocou nesse lugar.

Uma famosa frase de Chico diz exatamente isso, e toca profundamente quem está no território, na floresta, e quem sabe que floresta em pé é vida garantida.

“No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade”.

A história desse homem, que aprendeu a ler aos 16 anos de idade e fez da seu corpo um símbolo de proteção da floresta, das populações extrativistas, deveria ser contada em detalhes nas escolas, não somente do Acre, sua terra natal e onde fez sua luta, mas em todo o país. Na realidade, em todos os países da pan-Amazônia, do mundo!

Até hoje, seus companheiros, incluindo Guma, atuam em defesa da floresta, fazendo a linha de frente em Xapuri, Rio Branco, Epitaciolândia, Assis Brasil, Brasileia e diversos outros municípios do estado. E os filhos desses companheiros e companheiras, também. A luta se estende a moradores das 96 reservas extrativistas espalhadas pelo Brasil, povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, quem conhece sua história e sabe que falar de Chico, segue seus passos. O que significa proteger o meio ambiente. 

Hoje, essa comunicadora que não é da Amazônia ou de reserva extrativista, nasceu no asfalto, sabe que é parte da floresta, e que defende-la é, acima de tudo, um dever. Um dever para honrar e perpetuar a memória de Chico Mendes, estar ao lado dos povos indígenas e quilombolas na defesa de seus territórios e cuidar da nossa humanidade.

A natureza é boa, justa, generosa. O mínimo é retribuir esse cuidado e atenção, como Chico, que vive em todas e todos nós.