Chapada dos Guimarães: governador do MT tenta há anos estadualizar o Parque, enquanto sua família tem empresas atuando no local
Ao todo, há dez empreendimentos com autorização concedida para instalação de garimpos nas áreas de preservação, com o aval do governador Mauro Mendes (União)
A paisagem da Chapada dos Guimarães, em Cuiabá, no Mato Grosso, vem mudando ao longo dos anos, e a vista que antes mostrava uma paisagem ímpar e natural, hoje dá lugar a restos de mineração de ouro, que trouxeram devastação e destruição para o local.
Ao todo, há dez empreendimentos com autorização concedida para instalação de garimpos nas áreas de preservação, com o aval do governador Mauro Mendes (União).
De acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM) os pedidos de autorização para instalação de garimpos aumentaram 76% na gestão do atual governador.
O Parque Nacional da Chapada dos Guimarães fica em uma Área de Preservação Ambiental (APA), o que significa que sua área deve ser preservada, respeitando seus aspectos naturais, estéticos, sua cultura, fauna e flora.
Essas áreas podem ser ocupadas ou não, desde que as pessoas que estejam no local respeitem e sigam regras específicas e exerçam atividades que não causem danos à área.
Há dois anos, o governador Mauro Mendes iniciou uma verdadeira saga para estadualizar o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. E, mais recentemente, houve um grande avanço em sua saga pelo controle da área.
Com 11 votos a favor, 3 contrários e nenhuma abstenção, a Comissão de Meio Ambiente do Senado aprovou, no último dia 11, o repasse da gestão integral do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães ao estado do Mato Grosso.
Tudo em família
Pro outro lado, dos dez empreendimentos citados anteriormente que possuem autorização concedida para instalação de garimpos na área, dois pertencem à primeira dama e esposa do governador, Virginia Mendes, e ao filho do casal, Luís Taveira Mendes, por meio da Mineradora Casa de Pedra.
De acordo com o juiz Rodrigo Curvo, da Vara Especializada do Meio Ambiente de Cuiabá, há diversas provas das irregularidades da empresa Maney Participações (uma das empresas sócias da Mineradora Casa de Pedra) e que, de acordo com a legislação ambiental estadual, seria necessário apresentar um Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD).
Para o juiz, a empresa ligada à família do governador apresenta uma “dissonância do sistema operacional da mineradora com as normas ambientais vigentes e a remanescência de danos ambientais causados pela atividade irregular do empreendimento instalado nos limites da Área de Preservação Ambiental Chapada dos Guimarães e na zona de amortecimento do Parque Nacional Chapada dos Guimarães”.
Há três meses, o Ministério Público do Estado (MP) propôs que a empresa entregasse o PRAD, e adequasse sua estrutura de acordo com as leis dentro de 180 dias, sob pena de multa diária de R$10 mil em caso de descumprimento.
Terminou em pizza?
Apesar dos indícios, ao final, Curvo isentou os atuais sócios de outras responsabilizações mais severas e, após a sentença, o MP fechou um acordo com a mineradora e pediu o arquivamento do processo.
A reportagem do jornal Gazeta, que acompanhou e divulgou as informações descritas aqui, questionou o conteúdo do acordo proposto entre o MP e a mineradora. A assessoria do MP informou que a mineradora havia adotado as medidas requeridas e que requereu à Sema uma avaliação e que, por isso, “O MP aguarda esta vistoria para dar prosseguimento à proposta de acordo”.
Ainda de acordo com a Gazeta, o prazo inicial para cumprimento da sentença do juiz vence no próximo dia 24 de outubro. Contudo, como o MP-MT que é, em tese, o autor da ação optou por executar a sentença em comum acordo com a mineradora, os prazos não estão valendo. Após os questionamentos, a ação foi desarquivada no último dia 9 de outubro.
Via Gazeta Digital