O Movimento de Mulheres Olga Benário realizou, pela segunda vez na cidade de Mauá, a ocupação para a inauguração de um centro de referência para mulheres na região: a Casa Helenira Preta!

Em julho do ano passado, o movimento realizou a primeira ocupação, no centro da cidade. A desocupação ocorreu a partir da assinatura de uma carta-compromisso, que designava várias atribuições para a prefeitura. Porém, os acordos assinados pelo prefeito foram sendo descumpridos na medida em que a crise institucional que atinge a prefeitura foi ficando mais grave.

Foto: Rayane Vieira

As mulheres da região do ABC não têm mais condições de esperar. No Brasil, uma a cada três mulheres já sofreu algum tipo de violência. A cada 11 minutos uma mulher é estuprada e a cada dois minutos, cinco mulheres são espancadas. Por outro lado, temos assistido a um retrocesso nas políticas voltadas para o atendimento de mulheres, que já eram insuficientes.

A insuficiência dos serviços públicos de atendimento às mulheres, somado ao gigantesco desemprego, carestia e aumento da miséria tem aprisionado milhares de mulheres a círculo vicioso de violência.

Foto: Rayane Vieira

É a partir desse cenário, e certas de que a mudança só virá pelas mãos daquelas que sofrem na pele essa situação, que o Movimento de Mulheres Olga Benário realiza esta ocupação.

O centro de referência Helenira Preta tem como objetivo o combate à violência contra as mulheres, trabalhando tanto na prevenção quanto no atendimento das vítimas. Aqui no ABC existe apenas uma delegacia especializada em violência contra a mulher, em Santo André, que fica fechada durante a noite. As Casas Abrigo existentes em Diadema, Santo André e São Bernardo não dão conta de atender toda a demanda e ainda estão ameaçadas de fechamento.

Viemos para ficar. Temos a certeza de que temos condições de realizar esse atendimento com apoio da população e de profissionais que, junto conosco, realizem esse atendimento.

Foto: Rayane Vieira

O edifício ocupado desde a última sexta-feira, é de propriedade da prefeitura, está fechado e abandonado desde 2016. Durante as negociações com a Secretaria de Mulher da Prefeitura, foi um dos locais apontados como a sede da Casa de Referência Helenira Preta, tendo inclusive um processo técnico em construção pela Secretária de Obras. É um edifício que permite, inclusive, a organização de atividades que gerem emprego e renda para as mulheres vítimas de violência.

Conclamamos a Prefeitura, o governo do Estado e todos os entes públicos da região do ABC a apoiarem a organização autônoma das mulheres em defesa de políticas públicas para as vítimas de violência.