Casa do Jornalismo Socioambiental: um território de vozes que ecoam do Brasil durante a COP30
De norte a sul, comunicadores se unem em Belém para construir uma cobertura coletiva da crise climática
por Isabella Lima
Na COP30, Belém sedia um espaço que vai além da cobertura do maior evento climático do planeta: a Casa do Jornalismo Socioambiental. Ancorada na capital paraense, a Casa reúne comunicadores, jornalistas, ativistas e sociedade civil de todas as regiões do Brasil para debater os desafios e caminhos da comunicação socioambiental, de dentro dos territórios e para o mundo.
Ao longo do mês, a Casa ocupa um espaço de trocas, debates e construção coletiva de narrativas, com uma programação aberta ao público que conecta a agenda global da COP às realidades locais dos territórios brasileiros. O espaço é uma articulação entre 21 veículos de comunicação que atuam na intersecção entre jornalismo, meio ambiente e direitos humanos, como Amazônia Real, ((O)) Eco, InfoAmazonia, Amazônia Vox, Agência Pública, entre outros parceiros.
Para Thayane Guimarães, coordenadora de redes da InfoAmazonia e coordenadora da Casa, o projeto nasceu da urgência de unir forças e garantir uma cobertura coletiva do jornalismo socioambiental durante a COP.
“Essa Casa foi pensada quando diferentes veículos de mídia perceberam que seria mais proveitoso e eficaz se a gente reunisse um grupo de parceiros para pensar uma cobertura colaborativa para esse momento, mas também para unir esforços para garantir que a gente tivesse um financiamento necessário para trazer jornalistas de diferentes lugares do Brasil”, afirmou.
Mais do que um espaço físico, a Casa é um território simbólico de convergência e escuta, onde narrativas se cruzam para fortalecer a produção do jornalismo socioambiental de forma plural e incluir a diversidade de abordagens sobre a agenda climática.
A Casa funciona como um hub colaborativo, onde jornalistas e comunicadores podem trocar informações, produzir conteúdos conjuntos e construir novas parcerias com uma infraestrutura compartilhada de trabalho. Além disso, a iniciativa conta com um feed em tempo real, que reúne atualizações sobre os eventos oficiais e paralelos da conferência.
Debates que partem do território:
Entre as atividades, nesta terça-feira (11), a Casa recebeu a roda de conversa “Eco-genocídio em pauta: No rastro do fogo e da seca no Cerrado, Amazônia e Pantanal”, mediada por Iarinma Moraes. O encontro reuniu Diana Aguiar, da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado e professora da UFBA; Alciléia Torres, comunicadora popular; Fabiana Galvão, chefe da Brigada Voluntária Feminina do povo Gavião; e Silvio Marques, diretor do SARES.
O debate apresentou dados recentes sobre incêndios, desmatamento, crise hídrica e situação fundiária no Brasil, com base em análises da Articulação Agro é Fogo e da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, com objetivo de evidenciar os impactos socioambientais e as injustiças climáticas que marcam o processo de devastação dos biomas brasileiros.
O comunicador popular Roni Monteiro, do Movimento Quilombola do Maranhão MOQUIBOM, destacou a importância de reunir experiências e perspectivas de todo o país para fortalecer a agenda climática.
“Não tem como a gente falar sobre a pauta ambiental sem falar do Brasil todo, porque esse clima, esse fogo, esse desmatamento estão acontecendo em toda parte. Estar aqui nessa discussão é bom porque estamos pegando experiências de outros lugares para saber de que forma está sendo combatida essa situação nos outros estados”, afirmou.
Além das rodas de conversa, a programação da Casa inclui oficinas, debates, hackathons e saraus, que fortalecem o papel da comunicação na defesa dos territórios, no enfrentamento às mudanças climáticas e na democratização da informação.



