Caos na saúde: filas do SUS prometem se intensificar no programa proposto por Bolsonaro
Para Bolsonaro, é necessário reduzir custos da saúde e manter mais de 150 milhões de pessoas atendidas pelo SUS “empregadas” para não precisar de hospital. Especialistas veem seu plano de governo com extrema gravidade.
Em depoimento a jornalistas neste sábado, o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que o melhor plano de saúde é ter emprego. “Uma pessoa desempregada está propensa a frequentar hospitais com maior intensidade”, disse em uma referência ilógica aos mais de 150 milhões de pessoas que são atendidas pelo SUS na atualidade.
Jair Bolsonaro foi o único candidato à presidência que não incluiu em seu plano de governo a necessidade de mais recursos para a saúde. Pelo contrário, seu programa reforça a manutenção do limite de gastos e a redução de custos. Em divulgação à imprensa e em seu programa eleitoral, Jair reforça como planos para a saúde, com os mesmos recursos aplicados na atualidade, a informatização de postos, ambulatórios e hospitais e um credenciamento universal dos profissionais de saúde.
Profissionais da área veem com urgência e preocupação a falta de financiamento e cuidado com o SUS. Alguns desses apontamentos podem ser vistos no estudo “A saúde nos programas dos candidatos à Presidência da República do Brasil em 2018”, realizado pelos especialistas em saúde coletiva Mário Scheffer, Ligia Bahia e Ialê Falleiros Braga, professores da USP, UFRJ e Fiocruz, respectivamente.
Os especialistas acreditam que as estratégias de combate aos graves problemas de saúde da população, e especialmente de segmentos como indígenas e carcerários, não foram apontados pela grande maioria dos candidatos à presidência no primeiro turno, à exceção do programa do PSOL. A de Jair Bolsonaro, nenhuma menção.
Na proposta do opositor Fernando Haddad, duas das cinco diretrizes propostas para a saúde citam a necessidade de recursos: aumento imediato e progressivo do financiamento e investimento no complexo econômico-industrial da saúde. Seu programa estabelece como meta que o investimento público em saúde chegue a 6% do PIB. Segundo o texto, isso seria possível a partir de novas regras fiscais, de uma reforma tributária e da retomada do Fundo Social do Pré-Sal.
O orçamento para o SUS em 2018 é de R$ 130 bilhões, montante que precisa dar conta de financiar atendimentos de emergência, incluindo o que salvou a vida do presidenciável do PSL. Além disso, cirurgias de pequena, média e grande complexidade, transplantes, hemodiálise, vacinação, vigilância à saúde, consultas, exames, distribuição de remédios, Samu e tantas outras medidas.