Por Patrick Simão / Além da Arena

Campeã do US Open com apenas 19 anos, Coco Gauff se tornou a tenista mais jovem a vencer o torneio desde Serena Williams, em 1999. Na atualização dos rankings desta segunda-feira, ela será a número 3 do mundo nas simples e a número 1 nas duplas. Sempre muito ligada ao tênis, Gauff tem um vídeo pulando e torcendo por Serena Williams no US Open de 2012. Ela também foi um fenômeno desde muito jovem: com 13, foi finalista juvenil no US Open e, com 14, venceu Roland Garros em simples e o US Open nas duplas, na categoria sub-18.

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Aos 15 anos, chamou atenção do mundo ao vencer a lendária Venus Williams em Wimbledon, e chegar às oitavas de final. No mesmo ano, fez terceira rodada no US Open e ganhou seu 1° título de WTA, em Linz, na Áustria. Muito jovem, Gauff ainda tinha restrições de torneios no profissional devido a idade e, apesar da pressão e enorme expectativa, trabalhou muito bem seu desenvolvimento, com cada vez mais conquistas. Aos 18 anos, foi vice-campeã de Roland Garros e aos 19 conquistou o US Open, vinda de uma sequência de 18 vitórias nos últimos 19 jogos. Ela possui 6 títulos de WTA nas simples e outros 9 nas duplas.

Para além do tênis, Gauff também tem importantes posicionamentos políticos e sociais, desde jovem. Aos 16 anos, se posicionou constantemente no movimento Black Lives Matter: “Precisamos primeiro amar uns aos outros. Eu passei toda a semana tendo conversas duras e tentando educar meus amigos que não são negros sobre como eles podem ajudar o movimento. Precisamos agir, vocês precisam usar sua voz, não importa o quão pequena ou grande seja sua plataforma, você precisa usar sua voz. Eu vi uma citação do Dr. Martin Luther King que dizia que o silêncio das pessoas boas é pior que a brutalidade das más.”

“Me sinto responsável porque tenho uma voz. Ficar em silêncio e não usá-la seria um grande erro. Aprendi muitas coisas com a minha avó, com o exemplo dela, mas aquele momento foi totalmente espontâneo. Eu não tinha previsto dizer nada naquele dia”, completou. A tenista também gravou um vídeo, em protesto após o assassinato de George Floyd, perguntando: “serei a próxima?”


Gauff também se posicionou contrária a uma lei que marginaliza a comunidade LGBTQIA+ na Flórida, em 2022: “Penso que estas conversas são importantes e, para mim, que tenho amigos na comunidade LGBTQ+, não consigo imaginar a impossibilidade de falarmos sobre as nossas identidades. É algo normal, para mim. Todas as pessoas LGBTQ+ que conheci sentem-se parte da comunidade desde muito jovens. Penso que é importante que existam essas conversas na escola, porque é suposto ser um espaço seguro, onde se pode falar de tudo. Falei do movimento Black Lives Matter. Então, disse que era importante debater o assunto. O mesmo que agora. Penso que é importante discutir isto [a lei da Flórida]. Para as pessoas com quem falei, que fazem parte da comunidade [LGBTQ+], faz definitivamente a diferença se não tiveres de esconder quem é”, completou a tenista, que tinha 18 anos.

Gauff também se posicionou contra o tratamento distinto para as mulheres em relação aos homens no WTA 1000 de Madri deste ano, onde as finalistas de duplas não puderam discursar após a premiação. Na ocasião, Bia Haddade Victoria Azarenka venceram Gauff e Jéssica Pegula na final. Ela também falou sobre os protestos pelo meio-ambiente, que interromperam uma de suas partidas deste US Open: “Não fiquei chateada com os manifestantes. Eu sei que o estádio ficou porque simplesmente interrompeu o entretenimento. Sempre falo sobre pregar o que você sente e no que você acredita. Foi feito de forma pacífica, então não posso ficar muito chateada com isso.”

Aos 16 anos, Gauff também postou um vídeo comemorando a derrota de Donald Trump para a reeleição nos Estados Unidos. Joe Biden assumiu a presidência, após 4 anos de governo da extrema-direita.

Grande promessa e realidade do tênis, Gauff também é uma grande voz em pautas importantes do esporte e da sociedade. Suas conquistas têm muita representatividade e seus discursos, desde adolescente, dão voz a públicos que por décadas foram silenciados. Gauff fez os funcionários do US Open, muitos deles negros, pararem o trabalho para torcer por ela. Ela atrai novos públicos, jovens e usa sua voz para se posicionar. A jovem tenista tem tudo para seguir ganhando cada vez mais Grand Slams e segue o legado de Serena, Venus Williams e mais recentemente de Naomi Osaka. Agora é a vez de Gauff construir o seu legado para as futuras gerações.