Campanha pressiona por veto de Lula ao marco temporal, aprovado no Senado
O Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu por maioria de 9×2 pela inconstitucionalidade do marco temporal
Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu por maioria de 9×2 pela inconstitucionalidade do marco temporal
O Senado Federal aprovou o Projeto de Lei 2903/23, conhecido como marco temporal, em um movimento que agora coloca nas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma decisão crucial. O projeto, que tem gerado intensos debates, propõe regras rígidas para a demarcação de terras indígenas, exigindo que os povos comprovem sua ocupação desses territórios até a data da promulgação da Constituição de 1988.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), no entanto, exige o veto total do projeto e cobra do presidente Lula um compromisso com a preservação e garantia dos direitos dos povos indígenas.
O marco temporal, apoiado pelo setor ruralista, visa alterar profundamente a trajetória dos povos indígenas e levanta preocupações significativas sobre os impactos ambientais. O projeto busca restringir o acesso às terras tradicionais somente àqueles que possam comprovar a ocupação prévia em 1988, ignorando o extermínio e a expulsão histórica dos indígenas de suas terras.
Vale destacar que o Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu por maioria de 9×2 pela inconstitucionalidade do marco temporal. No entanto, aponta a Apib, o Senado continua a avançar com a proposta, desafiando a decisão do STF e servindo aos interesses dos ruralistas.
De olho nos ruralistas
Segundo a organização, a motivação por trás desse movimento do Senado está diretamente ligada ao envolvimento de políticos brasileiros com a invasão de terras indígenas, como revelado no dossiê “Os Invasores” do site “De Olho nos Ruralistas”. De acordo com o estudo, diversos representantes do Congresso Nacional e do Executivo possuem terras sobrepostas a territórios indígenas, e muitos deles receberam doações significativas de fazendeiros invasores para suas campanhas eleitorais.
Apesar de ter sido derrotado no Supremo, o Congresso aprovou o PL 2903/23, que transforma o Marco Temporal em lei. Isso é gravíssimo!
— Chico Alencar ☀️ (@depchicoalencar) October 2, 2023
Agora o futuro dos povos originários depende do presidente Lula, que pode vetar ou sancionar o projeto.#VETATUDOLULAPL2903 #DESIGNATIVISTA pic.twitter.com/uzaEocaP9G
Além disso, após a anulação do marco temporal pelo STF, o senador Dr. Hiran (PP-RR) apresentou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que visa restabelecer a tese. Essa PEC 048/2023, caso aprovada, alteraria a Constituição Federal de 1988, que reconhece o direito originário dos povos indígenas sobre suas terras tradicionalmente ocupadas.
Legalização de crimes
A Apib destaca que o PL 2903/23, além de abordar o marco temporal, também contém disposições que legalizariam crimes cometidos contra os povos indígenas, sendo, por isso, chamado de “PL do Genocídio”. Entre essas medidas, destacam-se a definição de critérios racistas para a identificação de quem é ou não indígena, a autorização para a construção de infraestrutura em terras indígenas sem consulta prévia aos povos a ela pertencentes, a flexibilização da política de não-contato com povos indígenas em isolamento voluntário, entre outras.
O histórico do PL 2903/23 remonta a 2007, quando foi apresentado como PL 490/2007 pelo deputado Homero Pereira, do PR de Mato Grosso. Após sua aprovação na Câmara dos Deputados em maio de 2023, o projeto seguiu para o Senado, onde recebeu o novo número, PL 2903. No mesmo dia em que o STF julgou o Marco Temporal, o Senado o aprovou de forma acelerada, gerando controvérsias.
Agora, a decisão está nas mãos do presidente Lula. Ele tem 15 dias úteis para sancionar ou vetar (total ou parcialmente) o projeto. Caso ele opte pelo veto, os pontos vetados retornam ao Congresso para uma possível revisão. A Apib e outros grupos indígenas convocam a sociedade a pressionar o presidente Lula para que vete integralmente o PL 2903, em defesa dos direitos dos povos indígenas e da preservação ambiental. O movimento ganhou força nas redes sociais com a hashtag #VetaTudoLulaPL2903.
Como participar:
— Centro de Trabalho Indigenista (@cti_indigenismo) October 3, 2023
produza sua arte e poste no seu perfil usando as tags #DesignAtivista #VetaTudoLulaPL2903 ou envie acessando o formulário pelo link na bio de @designativsta. pic.twitter.com/6uP72CjF7C
Veta tudo, @LulaOficial!
— Duda Hidalgo⭐ (@dudahidalgo13) October 3, 2023
O PL 2903 representa um retrocesso imenso na conquista de direitos dos povos originários!#VetaTudoLulaPL2903 #marcotemporalnão #demarcaçãojáhttps://t.co/kicGeDKOyP
https://twitter.com/cmlassuncao/status/1709332773670973615
— Dinamam Tuxá (@Dinamam) October 2, 2023