Secundaristas ocupam ALERGS em Porto Alegre (RS) • 13/06/2016. Foto: Mídia NINJA

Secundaristas ocupam ALERGS em Porto Alegre (RS) • 13/06/2016. Foto: Mídia NINJA

Você já parou para pensar quanto vale a educação do Brasil?

Tipo, o quanto os governos investem na creche, na educação básica, nas escolas municipais, estaduais, ensino de jovens e adolescente e demais segmentos? Bom, eu já. A resposta para essa pergunta nos faz refletir muito sobre qual a qualidade da educação que nós acreditamos ter em todo o território nacional.

Vivemos em um país que investe mais em presídios do que em escolas. Como é possível essa lógica absurda? Um preso no Brasil custa R$2.400 por mês e um estudante do ensino médio custa R$2.200 por ano. Não quero discutir a situação do sistema carcerário – isso fica para uma próxima coluna –, mas como a política econômica não é pensada para transformar as bases da sociedade.

Isso está claro também com o “combo” de maldades de Michel Temer a partir do seu plano “Ponte para o Futuro”, que na verdade vai jogar o futuro de gerações no lixo. Para começar, estamos passando por uma ruptura catastrófica. Se antes estávamos caminhando para um Brasil que investe 10% do PIB para a educação, que constrói mais Institutos Federais, que aumenta as vagas nas universidades, hoje estamos indo para o lado oposto.

Mudanças no ENEM, demissão em massa dos professores, censura dentro da sala de aula, (graças ao projeto da Escola Sem Partido) e a retirada da discussão de gênero da base comum curricular estão demonstrando que esse governo usa a mentira como sua base de sustentação.

Sem meios para melhorar o ensino, a evasão escolar cresce, a criminalidade também, cresce a demanda do sistema carcerário, e consequentemente a criminalização da juventude e a desvalorização de todos profissionais de educação.

Outra parte do “Combo Temer” atinge em especial nossos professores, para ser mais exata, nossas professoras. A Reforma da Previdência e a recente aprovação da terceirização são realidades cruéis na vida das nossas mestras. A dupla ou até tripla jornada, condições ruins de trabalho e falta de valorização, inclusive salarial, podem causar o afastamento por estresse, fobias e até síndrome do pânico.

Em um ambiente de trabalho já sobrecarregado com os recentes cortes, falta de merenda, superlotação de salas de aula e a ausência do Estado, agora a categoria dos professores lida com a ameaça do fim da CLT.

Arrisco-me a dizer que uma das categorias que mais vai sofrer caso a Reforma da Previdência seja aprovada, são os estudantes e professores. Posso estar sendo ousada em dizer isso? Talvez, mas é bom arriscar.

Atualmente, o Brasil está em 63º no ranking mundial de educação, divulgado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Apesar do tamanho do nosso país e as inúmeras dificuldades que encontramos nas escolas, isso não é aceitável. Estamos abaixo da média nas principais categorias e, por isso, precisamos de uma verdadeira reforma do setor educacional. Não da falsa reforma do Ensino Médio de Temer, que veio mesmo pra deformar.

Com as mudanças realizadas por esse governo federal e também pelos vacilos acumulados dos governos estaduais, a educação passa a ser certamente um dos setores mais atingidos com o ataque à democracia do Brasil. O preço que podemos pagar por isso é muito caro. Não me refiro somente a valores de mensalidades e investimentos, mas ao custo de não ter uma formação cidadã.

A luta dos estudantes secundaristas nas ocupações das escolas em 2015 e 2016 não foi em vão. Com elas, cresceu a unidade entre professores, funcionários e estudantes pelos seus direitos. Isso deve ser levado como exemplo.

Vamos todos e todas para as ruas, ocupar nosso espaço e combater quem finge nos governar.

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