“Eu chegava às 6h e saía entre 19h30 e 20h. Não comia nada, não me davam nada.” A empregada doméstica afirma que, frequentemente, passava fome durante o expediente, conta Andréa Batista dos Santos, uma trabalhadora doméstica, residente em Salvador, que decidiu entrar com uma ação judicial contra seus ex-patrões, para reivindicar direitos trabalhistas.

Andréa explica que enfrentou condições de trabalho, extremamente, difíceis e desumanas. Em entrevista ao Profissão Repórter, o advogado do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Domésticas da Bahia (Sindoméstico-BA) Wagner Bemfica Araújo afirma que as atitudes dos ex-empregadores não apenas violam os direitos trabalhistas, mas também atingem a dignidade da trabalhadora.

Ele comenta: “Você fazer com que a pessoa cozinhe e não possa comer, isso é muito forte e é muito feio. Ela tem que levar e, quando não tem o que levar, passar fome.”

Andréa também revela que os empregadores instalaram uma câmera, na cozinha, para monitorá-la constantemente. “Para ver se eu mexia na geladeira, na panela em cima do fogão, para ver se comia. Tudo que eu faço, faço questão de fazer na cozinha para ela [patroa] ver. Até para mexer na minha bolsa, eu faço na cozinha”, conta indignada.

Questionada sobre o motivo pelo qual permaneceu no emprego nessas condições, Andréa explica que precisava do dinheiro para pagar um curso.

O programa Profissão Repórter, exibido nesta terça-feira (18), abordou as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores domésticos no país, além de mostrar a vida dos brasileiros que trabalham na Alemanha, destacando as diferenças nas legislações trabalhistas entre os dois países.

Andréa guarda, em seu celular, um áudio que recebeu da sua antiga patroa, no qual ela pede para que ela a espere em casa. No áudio, Andréa responde dizendo que está com fome e que já havia concluído suas tarefas.