Calouros sofrem queimaduras de 1º e 2º grau no corpo em trote da UFPR
19 estudantes fizeram a denúncia na delegacia e 4 suspeitos foram presos
Calouros do curso de medicina veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR), do campus de Palotina, relatam cenas assustadoras de um trote que sofreram por alunos do segundo, terceiro e quarto período. Pelo menos 19 alunos sofreram queimaduras de 1º e 2º grau após quando veteranos jogaram creolina (uma mistura de desinfetante e germicida de uso veterinário).
Há relatos de que há 25 feridos, mas 6 deles ainda não fizeram denúncia. Os alunos foram encaminhados ao Hospital Municipal de Palotina.
“Tinha gente chorando, desesperado e tremendo de dor. Uma colega chegou a desmaiar com tanta dor. Foi uma cena caótica e bem traumatizante”, disse uma das estudantes ao UOL.
A “cerimônia” do trote foi realizada na noite desta quarta-feira (30) em um terreno baldio na frente da universidade. Os alunos novatos foram ao local encurralados pelos veteranos após pedirem dinheiro no sinal. Eles acreditavam, no entanto, que a festa teria apenas brincadeiras leves.
“Era para ser só uma brincadeira, algo bem lúdico. Um trote clássico, com leite azedo, lama e cebola”, contou uma das estudantes ao UOL. “Foi quando vi que eles estavam com uma garrafa com um produto dentro e falaram que seria desinfetante. Fui a primeira pessoa que jogaram isso e tive queimaduras de 1º e 2º grau pelo corpo. Enquanto eu gritava, eles continuavam passando o produto em outras pessoas”.
Os estudantes procuraram a polícia e registraram boletim de ocorrência. Quatro pessoas já foram identificadas como autores do trote e foram presas por lesão corporal gravíssima e constrangimento ilegal, conforme informado pela Polícia Civil. Outros suspeitos são procurados e o caso segue sob investigação.
A Universidade informou que abriu um processo interno para apurar o caso. “Quero assegurar aos alunos e estudantes, como a toda comunidade que nós faremos uma uma apuração imediata e rigorosa das responsabilidades para que isso não possa se repetir”, disse o reitor da UFPR, Ricardo Marcelo da Fonseca.
“Ressalto que a UFPR está indignada e que tomaremos rigorosas e imediatas medidas de apuração de responsabilidades, na medida que temos tolerância zero com relação ao trote violento e todas as demais formas de violência física, verbal ou mesmo simbólica”, afirmou o reitor no texto.
Confira a nota da da UFPR na íntegra:
A Universidade Federal do Paraná adota a posição institucional do trote sem violência, na conscientização dos alunos de que a recepção aos calouros deve ser um momento de alegria e integração com os veteranos. A UFPR não tolera nenhum tipo de violência e o episódio infeliz envolvendo calouros em Palotina é um caso isolado. A direção do Setor Palotina já abriu o processo de apuração de responsabilidade sobre esta ação de trote violento que resultou em queimaduras nos calouros.
O Reitor Ricardo Marcelo Fonseca enfatiza: “em primeiro lugar me solidarizo com os calouros e suas famílias, que deveriam estar em um momento de comemoração, alegria e não de dor. Porém, ressalto que a UFPR está indignada e que tomaremos rigorosas e imediatas medidas de apuração de responsabilidades, na medida que temos tolerância zero com relação ao trote violento e todas as demais formas de violência física, verbal ou mesmo simbólica”.
O estudante ou membro da comunidade que presenciar qualquer ato violento, discriminatório ou constrangedor com relação à recepção dos calouros pode realizar denúncia pelo telefone 41-984021131 ou por meio dos endereços de e-mail [email protected] e [email protected]