Caetano Veloso convocou esta semana uma grande mobilização artística em Brasília, marcada para o próximo dia 9 de março, contra um pacote trágico para o futuro ambiental e econômico do país.

Ao menos três projetos de lei com impactos diretos e irreversíveis para a Amazônia, os direitos humanos, o clima e a segurança da população aguardam votação no Congresso Nacional. Eles são parte de um “combo da destruição” de quase uma dezena de projetos, arquitetado conjuntamente por deputados e senadores e pelo regime de Jair Bolsonaro.

Em recente entrevista ao Metrópoles, Caetano contou que “o atual governo nasceu de uma revisão absurda da história da ditadura militar. O sujeito que veio a se tornar presidente dedicou seu voto favorável ao impeachment de Dilma ao torturador Ustra. Seu vice disse, em entrevista televisiva pré-eleição, que Geisel foi único que errou”, disse. “Entendi que ele detesta o projeto de abertura que, confirmando uma profecia de Glauber Rocha, Geisel pôs em prática. Não gosto nem de Delfim dizendo que votaria de novo pelo AI-5. Sou democrata, embora não mais um liberal democrata”.

https://midianinja.org/news/artistas-e-ongs-convocam-manifestacao-em-defesa-da-terra-em-frente-ao-congresso-nacional/

Caetano também menciona que o país precisa curar-se do delírio neoliberal e aponta um caminho em que os atos do poder público tornem-se igualitários e criativos, sem o deslumbre das forças privadas. “O governo que temos agora não tem paralelo com a ditadura, tem saudade dela, paixão pela deformação do poder público. É o avesso do que devemos ser”.

Por fim, Caetano disse que acredita e deseja que Jair Bolsonaro não vença as eleições neste ano: “Parece provável que Bolsonaro perca. Mas não é certo. De todo modo, mesmo que ele saia, a sociedade brasileira precisa mostrar-se mais forte do que a neurose coletiva que alimenta o bolsonarismo”.