
Caetano chora morte de congolês e diz que nome do quiosque “Tropicália” aprofundou a dor
“a dor de constatar que um refugiado da violência encontra violência no Brasil”
Caetano Veloso chorou pela morte do congolês Moïse Mujenyi Kabagambe, na Barra da Tijuca, no dia 24 de janeiro. “Que o nome do Quiosque seja Tropicália aprofunda, para mim, a dor de constatar que um refugiado da violência encontra violência no Brasil”, afirmou em uma publicação no Twitter na tarde desta terça-feira (1). Ele faz referência ao nome do estabelecimento onde Moïse foi espancado até a morte. A família afirma que o congolês havia ido cobrar as diárias não pagas.
“Para mim e certamente para Gilberto Gil, Capinam, Rita Lee, Tom Zé, Sérgio Dias, Gal Costa, Arnaldo Baptista, Julio Medaglia, Manuel Barenbein… E fere a memória de Rogério Duprat, Torquato Neto, Nara Leão, Guilherme Araújo… Sobretudo a de Hélio Oiticica, que criou o termo”, afirmou Caetano. “Tenho certeza de que a família Oiticica está comigo nessa amarga revolta. O Brasil não pode ser o que há de mesquinho e desumano em sua formação”.
Chorei hoje lendo sobre o assassinato de Moïse Mujenyi Kabagambe num quiosque na Barra da Tijuca. Que o nome do Quiosque seja Tropicália aprofunda, para mim, a dor de constatar que um refugiado da violência encontra violência no Brasil. pic.twitter.com/eKIHmYM0xj
— Caetano Veloso (@caetanoveloso) February 1, 2022
A Tropicália foi um movimento cultural que agitou o Brasil na segunda metade da década de 1960, envolvendo artistas da música, do teatro e da literatura. Uma de suas marcas foi uma inovação estética radical unindo a vanguarda e o popular, a tradição brasileira com tendências estrangeiras e um conteúdo extravagante que constratava com a situação política de um país que vivia a ditadura militar. Violência, portanto, jamais seria uma palavra de ordem tropicalista.
Um ato em frente ao quiosque Tropicália, que está no posto 8 da praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, está marcado para o próximo sábado (5), a partir das 10h. Conforme informações da Coalizão Negra por Direitos, atos já estão sendo programados em outras cidades brasileiras.