Preso em flagrante na terça-feira (7) por posse de drogas e de munição de uso das Forças Armadas, Amarildo da Costa de Oliveira teve a prisão convertida de preventiva a temporária por suspeita de participação no desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista Dom Phillips. No dia 5 de junho eles partiram da Comunidade de São Rafael, no Amazonas, para a sede do município de Atalaia de Norte, mas não chegaram ao destino.

Mas peritos da polícia analisaram a lancha do pescador, usando um reagente para identificar resíduos de sangue e digitais. Foram encontrados vários vestígios de sangue e um laudo vai identificar se é sangue humano ou animal. A família de Bruno Pereira recebeu um pedido para ceder material genético dos familiares do indigenista e confirmou que vai atender o pedido, fazendo tudo o que for possível para ajudar nas buscas.

Foi o delegado de Atalaia, Alex Timóteo quem pediu que a prisão fosse convertida. Segundo ele, ontem foram ouvidas duas novas testemunhas que foram determinantes. Uma delas, seguia em viagem à sede do município e nas proximidades da Comunidade de Cachoeira, presenciou o momento em que Bruno e Dom passaram por ele em outra embarcação.

“Minutos depois, cerca de 2 a 3 minutos viu também Amarildo e outra pessoa, em outra embarcação, passando por ele também. E seguindo viagem em direção à sede do município. Em determinado momento um pouco abaixo, viu novamente a embarcação de Amarildo, só que desta vez, ele estava sozinho”, disse ao Jornal Nacional.

Denúncias

O Globo publicou nesta quinta-feira que em abril Bruno se reuniu com o MPF e PF para indicar áreas em que criminosos atuavam na área, caçando e pescando ilegalmente na Terra Indígena Vale do Javari. Entre as fotos que constavam na denúncia estavam justamente os suspeitos de envolvimento em seu desaparecimento e de Dom Phillips. E que outra investigação, sobre a morte do servidor da Funai, Maxwell dos Santos, em 2019, tem como alvo os mesmos nomes.

Em entrevista à GloboNews o prefeito de Atalaia do Norte, Dênis Paiva (Patriota) foi questionado pelos jornalistas sobre o motivo dele ter ido à delegacia quando Amarildo foi preso. Este, disse que foi falar com o delegado para “dar uma resposta para a população”.

Outra iniciativa que foi alvo de polêmica foi a de que dois procuradores municipais resolveram assumir a defesa de Amarildo, mas diante de críticas, por fazerem as vezes de advogados particulares, resolveram abandonar o caso.

As buscas a Bruno e Dom serão retomadas nesta sexta-feira (10).