Por Giuseppe Capaldi para a Cobertura Colaborativa #NECParis2024

Uma das maiores atletas de sua geração, Bruna Alexandre fez história nos Jogos de Paris ao se tornar a primeira atleta a representar o Brasil tanto em Olimpíadas quanto em Paralimpíadas. Com esse feito, Bruna entrou para um seleto grupo de 15 atletas que já competiram em ambas as categorias. Ela estreou nos Jogos de Paris na última quinta-feira (29), nas oitavas de final das duplas mistas, ao lado de Paulo Salmin, vencendo a dupla sueca Jonas Hansson e Anja Handen. Na sexta-feira (30/08), no entanto, foi eliminada nas quartas de final pela dupla ucraniana Viktor Didukh e Iryna Shynkarova.

Mesmo após a eliminação nas duplas mistas, Bruna, uma das maiores mesatenistas da atualidade, não saiu da competição sem uma medalha. Ela competiu nas duplas femininas ao lado de Danielle Rauen e conquistou mais um bronze para o Brasil — o terceiro com sua parceira, com quem já havia dividido o pódio em 2016, no Rio, e em Tóquio 2020, na categoria por equipes. A estreia da dupla ocorreu na sexta-feira (30/08), pelas quartas de final, contra as ucranianas Maryna Lytovchenko e Iryna Shynkarova, com uma vitória convincente por 3 sets a 0. Nas semifinais, enfrentaram as australianas Lei Lina e Yang Qian, mas foram derrotadas por 3 sets a 0 (11-8, 11-9 e 12-10), garantindo, ainda assim, o pódio para o Brasil.

Bruna também conquistou mais um terceiro lugar na categoria individual, em um jogo acirrado contra a mesma Yang Qian. Ela venceu o primeiro set de forma consistente e impositiva por 11 a 6, mas no segundo set, após muitos erros, a australiana abriu larga vantagem e empatou a partida. O terceiro e quarto sets foram equilibrados, com cada atleta vencendo um por 11 a 9, mostrando o altíssimo nível do confronto, que poderia ser descrito como uma final antecipada. No set decisivo, Yang dominou e venceu por 11 a 3, garantindo vaga na final. Mesmo não sendo seu principal objetivo, Bruna conquistou mais um feito histórico para o Brasil no esporte, encerrando sua participação em Paris com duas medalhas de bronze.

Bruna Alexandre e Dani Ruen nos Jogos Paralimpicos Paris 2024 – Tenis de Mesa . Foto: Wander Roberto/CPB. @wander_imagem

A mesatenista Bruna Alexandre estreou nos Jogos Paralímpicos em Londres 2012, quando tinha apenas 17 anos. Hoje, aos 29, ela competiu em todas as edições subsequentes das Paralimpíadas. No Rio 2016, conquistou duas medalhas de bronze; em Tóquio, garantiu mais um bronze, além de uma prata. Já nas Olimpíadas deste ano, em Paris, competiu por equipes ao lado das irmãs Giulia e Bruna Takahashi, enfrentando o trio sul-coreano que garantiu o bronze ao derrotar as brasileiras.

Mesmo com a eliminação precoce, Bruna valorizou sua participação nos Jogos Olímpicos. Em entrevista à Revista Galileu, ela afirmou: “Tive uma experiência muito boa nos Jogos Olímpicos, aproveitei bastante a vila e o ginásio, o que acredito que pode me ajudar muito nos Jogos Paralímpicos.” Suas palavras se confirmaram na prática durante os Jogos Paralímpicos, onde Bruna demonstrou determinação e qualidade para levar o Brasil ao pódio.

Quando questionada sobre sua decisão de participar dos Jogos Olímpicos, Bruna respondeu com convicção: “E por que não?”

Foto: WTT

Nascida em Criciúma, Santa Catarina, Bruna iniciou sua trajetória no tênis de mesa aos 7 anos, competindo inicialmente na modalidade olímpica, apesar de ter perdido o braço direito aos 6 meses de idade. Foi aos 13 anos que descobriu a modalidade paralímpica, na qual conquistou suas principais vitórias. São quatro bronzes e uma prata em Paralimpíadas, um ouro e uma prata em Jogos Pan-Americanos, além de dois bronzes e um ouro em Campeonatos Mundiais. Nesta edição, Bruna já adiciona mais dois bronzes ao seu currículo paralímpico.

Bruna atribui sua evolução como atleta à continuidade nas competições contra atletas sem deficiência. “As meninas do olímpico não perdem o equilíbrio do corpo, porque têm os dois braços. Elas sempre estão muito bem encaixadas nas bolas, são muito rápidas e me fazem correr de um lado para o outro. Mas acho que isso tudo me ajuda; tenho muito pouco problema de equilíbrio por causa do Olímpico e também tento fazê-las correr”, explicou Bruna em entrevista à Revista Galileu. “Fui jogando o paralímpico e o olímpico, mostrando que a pessoa com deficiência pode tudo, que tudo é possível. Independente se você tem um braço ou uma perna, você consegue fazer tudo. O esporte pode abrir muitas portas, o Paralímpico pode ajudar o Olímpico e o Olímpico pode ajudar o Paralímpico”, afirmou ela, justificando sua escolha de competir em ambas as modalidades.

Com o término das Olimpíadas de Paris 2024, Bruna ressaltou a importância de sua participação nos Jogos e deixou claro seu sonho para as Paralimpíadas. Como relatou ao COB ao fim dos Jogos: “Agora eu tenho o sonho de conquistar a medalha de ouro nos Jogos Paralímpicos. Há muita diferença técnica entre o Olímpico e o Paralímpico, e estar aqui vai me ajudar muito para o Paralímpico. Aprendi muito aqui e vou usar isso”, afirmou Bruna. Mesmo sem o ouro, os dois pódios demonstram sua regularidade desde que começou a medalhar, em 2014. Só nos resta parabenizá-la por mais uma vez representar o Brasil nos Jogos.

Foto: Taba Benedicto/Estadão / Estadão