Brasil pode produzir mais soja sem desmatar a Amazônia, aponta estudo
Grupo de cientistas, que incluem brasileiros, defende que é preciso aproveitar o potencial produtivo de terras agrícolas já existentes
Um estudo publicado na revista científica Nature aponta que é possível manter a Amazônia preservada e ao mesmo tempo, aumentar a produção de soja no Brasil. Grupo de pesquisadores indicam que é preciso aproveitar o potencial produtivo de terras agrícolas já existentes. Sob essa perspectiva o Brasil poderia aumentar a produção anual em 36% até 2035 e ainda, reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 58%.
Se as tendências atuais continuarem, o Brasil converterá cerca de 57 milhões de acres em produção de soja nos próximos 15 anos, com cerca de 1/4 da expansão ocorrendo em terras ambientalmente frágeis, como floresta tropical e savana. Mas proibir essa expansão custaria ao Brasil cerca de US$ 447 bilhões em oportunidades econômicas perdidas até 2035.
O pesquisador Patricio Grassini, da Universidade de Nebraska, e seus coautores descrevem uma estratégia de “intensificação” em três frentes, que exige: aumentar significativamente a produtividade da cultura da soja; cultivo de uma segunda safra de milho em campos de soja em certas áreas e criação de mais gado em pastos menores para liberar mais terra para a soja.
Ao site da Universidade de Nebraska, Grassini destacou que os climas tropicais e subtropicais do Brasil permitem cultivar duas safras na mesma terra durante a estação de crescimento na maioria das regiões.
Além disso, “a produção pecuária é enorme no Brasil”, e como o estudo mostra, “há uma grande oportunidade para o Brasil aumentar os sistemas de produção pecuária e, ao fazê-lo, liberar parte da área atualmente usada para produção pecuária e usar essa terra para produzir mais soja”, disse Grassini.
“Esta abordagem fortalece a agricultura enquanto protege os ecossistemas complexos que são importantes do ponto de vista da mitigação das mudanças climáticas, bem como da conservação da biodiversidade”, argumentou.
Mas os pesquisadores destacam que o sucesso no duplo objetivo de intensificação agrícola e proteção da floresta exigirá instituições fortes, políticas adequadas e fiscalização para garantir que esses ganhos de produtividade se traduzam efetivamente na preservação da floresta, alertou Grassini. Ainda assim, a abordagem de intensificação pode ajudar a alcançar um equilíbrio razoável entre a produção agrícola e a proteção de ecossistemas frágeis.
O projeto de quatro anos tem colaboração dos pesquisadores brasileiros Fabio R. Marin e Alencar J. Zanon.
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