Nos últimos 10 anos (2013 a 2022) a perda de vegetação nativa no Brasil acelerou. O período coincide com a vigência do novo Código Florestal, aprovado pelo Congresso em 2012.

É o que mostra uma análise inédita feita pelo MapBiomas a partir da mais recente coleção de dados de uso e cobertura da terra, cobrindo o período entre 1985 e 2022, que foi lançada essa semana.

“Analisando a evolução anual da perda de cobertura de vegetação nativa agrupadas em períodos de 5 anos desde 1992, quando foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, o período de maior perda foi aquele imediatamente antes da aprovação do Código Florestal em 2012. Mas desde então a perda se acelerou ainda mais, com aumento do desmatamento. Estamos nos distanciando, em vez de nos aproximar do objetivo de proteger a vegetação nativa brasileira previsto no Código Florestal e do compromisso de zerar o desmatamento até o final desta década”, explica Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas.

Fonte: MapBiomas

Os dados desde 1985 até 2022, por sua vez, mostram uma perda de 96 milhões de hectares de vegetação nativa – uma área equivalente a 2,5 vezes a Alemanha. A proporção de vegetação nativa no território caiu de 75% para 64% no período.

Atualmente, dois novos arcos do desmatamento se destacam em pólos de forte expansão agrícola: no oeste da Amazônia, a fronteira entre Amazonas, Rondônia e Acre, conhecida como Amacro, onde o uso agropecuário aumentou 10 vezes nos últimos 38 anos, chegando a 5,3 milhões de hectares, que equivalem a 21% da área do território.

O outro destaque ficou por conta da região conhecida como Matopiba, na fronteira entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, onde a agropecuária aumentou 14 milhões de hectares, chegando a 25 milhões de hectares em 2022, equivalentes a 35% do território.

Além da agropecuária, outro uso da terra que chamou a atenção foi a cultura de soja, cujo avanço se deu em todos os biomas. Entre 1985, essa cultura passou de 4,5 milhões de hectares para 39,4 milhões de hectares em 2022 – área comparável a duas vezes o território do Paraná.

A soja avançou 3,1 milhões de hectares no Pampa, 18 milhões de hectares no Cerrado, 5,8 milhões de hectares na Amazônia e 8 milhões de hectares na Mata Atlântica.

(Mídia Ninja)

Ao mesmo tempo, enquanto o uso da terra para agropecuária e cultivo de soja ganharam destaque, também chamou a atenção o fato de que no período do levantamento, as terras indígenas perderam menos de 1% de sua área de vegetação nativa.

Segundo o levantamento, atualmente as terras indígenas ocupam 13% do território brasileiro, contendo 112 milhões de hectares, ou 19% de toda a vegetação nativa do país.