Brasil perde um Uruguai de floresta se Congresso aprovar PL do Desmatamento, revela reportagem
PL 3334/2023 propõe reduzir significativamente a reserva legal na Amazônia
Um projeto de lei apresentado pelo senador Jaime Bagattoli (PL-RO) está causando preocupações entre ambientalistas e especialistas devido ao impacto potencialmente devastador que poderia ter sobre a Amazônia, revelou uma reportagem da revista Piauí.
O PL 3334/2023 propõe reduzir significativamente a reserva legal na Amazônia, que atualmente pode representar até 80% da área total das propriedades rurais. Caso aprovado, o projeto permitiria que os proprietários desmatassem até metade de suas terras, o que abriria espaço para a destruição de aproximadamente 18 milhões de hectares de floresta, uma área equivalente ao tamanho do Uruguai.
Essa medida tem implicações ambientais graves. Segundo estimativas do engenheiro florestal Tasso Azevedo, em entrevista à Piauí, a derrubada dos 18 milhões de hectares liberados para desmatamento poderia lançar na atmosfera uma quantidade de carbono cinco vezes maior do que as emissões líquidas do Brasil em 2022. Isso comprometeria severamente os compromissos do país no Acordo de Paris, que visa reduzir os impactos do aquecimento global, além de colocar em risco a sobrevivência da floresta.
A proposta enfrenta resistência não apenas pela sua potencial contribuição para o aumento das emissões de gases de efeito estufa, mas também pela ameaça ao ponto de não retorno da Amazônia. Estudos indicam que a floresta já está mostrando sinais de perda de resiliência, o que poderia levar ao colapso irreversível de vastas áreas se o desmatamento continuar nesse ritmo. A comunidade científica alerta que a degradação adicional da Amazônia pode comprometer não apenas o clima regional, mas também a agricultura brasileira, que depende das chuvas geradas pela floresta.
Apesar das críticas, o PL 3334 chegou a ser pautado para votação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, mas foi adiado devido às enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul. Ainda assim, o projeto pode ser retomado a qualquer momento, o que tem gerado preocupação entre ambientalistas e cientistas que veem a proposta como um retrocesso socioambiental significativo.