O Brasil, que está prestes a deixar a presidência do Conselho de Segurança da ONU, está fazendo esforços intensos para obter o apoio dos membros não permanentes do órgão para uma nova resolução que busca solucionar o conflito em curso entre Israel e o grupo Hamas na Faixa de Gaza.

O país já conseguiu o número necessário de votos dos membros não permanentes, mas agora enfrenta o desafio crucial de costurar o compromisso dos membros permanentes, em particular dos Estados Unidos e da Rússia, para evitar um possível veto à resolução. Diplomatas consultados reconhecem a dificuldade dessa empreitada, e o sucesso é visto como improvável.

Para aumentar as chances de aprovação, o Brasil tem trabalhado nos últimos dias para garantir que os membros permanentes se abstenham de vetar a resolução, embora as divergências entre os Estados Unidos e a Rússia tornem essa saída improvável.

O ponto central da controvérsia agora reside nos termos exatos do texto da resolução. Os russos argumentam que a resolução do Conselho de Segurança não pode ser mais branda do que a aprovada pela Assembleia Geral na semana anterior, que pedia uma trégua. Para eles, a Assembleia Geral já estabeleceu um limite que não deve ser ultrapassado.

Vale ressaltar que países como o Reino Unido e a França raramente vetam resoluções, e a França, inclusive, votou a favor do último texto analisado, alinhando-se com o Brasil, mostrando evidências de que a articulação brasileira pode ser bem sucedida dessa vez.

Nesta segunda-feira (30), uma nova reunião do Conselho de Segurança está programada, a pedido dos Emirados Árabes Unidos. O Chanceler brasileiro, Mauro Vieira, viajou aos Estados Unidos para presidir a sessão, intensificando os esforços para garantir um consenso em relação à resolução.

O número de mortos na Faixa de Gaza desde o início da guerra entre Israel e Hamas chegou a 8.306 nesta segunda-feira (30), segundo o Ministério da Saúde palestino.

Destes, 3.457 são menores de idade e 2.136 são mulheres, informa a pasta. Outras 21 mil pessoas estão feridas em decorrência de ataques israelenses.

Bombardeios continuam

As Nações Unidas emitiram um alerta contundente  revelando que Israel realizou bombardeios nos arredores de três hospitais em Gaza durante o fim de semana. Entre os alvos estava o Hospital Al-Shifa, o mais importante da região e que abriga milhares de pacientes e deslocados.

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) divulgou informações preocupantes em seu relatório diário sobre a situação na região, que pôde ser atualizado graças ao restabelecimento das telecomunicações em Gaza.

Os ataques próximos aos hospitais Al-Shifa, Al-Quds (ambos na capital Gaza) e ao Hospital Indonésio, no norte do território palestiniano, levantaram graves preocupações, visto que cerca de 117 mil pessoas deslocadas internamente encontram abrigo nestas instalações, juntamente com inúmeros pacientes.

O relatório da ONU destacou que os dez hospitais ainda operacionais na cidade de Gaza e no norte do enclave palestiniano receberam repetidas ordens de evacuação nos últimos dias. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instou à suspensão dessas ordens de evacuação, uma vez que retirar os pacientes representaria um risco significativo para suas vidas.

Além disso, a ONU expressou crescente preocupação com o saque de vários armazéns de ajuda humanitária da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) no sábado, um sinal alarmante de que a ordem civil na região está à beira do colapso após semanas de guerra e cerco severo.