Enquanto o Brasil tem conseguido reduzir bastante o desmatamento, as queimadas aumentaram bastante na região Amazônica.

O número de focos de calor no estado do Amazonas em outubro alcançou quase o triplo da média histórica mensal, gerando uma enorme quantidade de fumaça.

De acordo com os dados do Inpe, o número de focos de calor observados no estado do Amazonas pelo monitoramento de satélites entre os dias 1º e 21 de outubro foi de 3.159.

Imagem: Adam Platform

Sua capital, Manaus, esteve entre as cidades do mundo com pior qualidade do ar no início do mês devido às grandes quantidades de fumaça que tomaram conta da cidade.

De acordo com dados do Sistema Copernicus, o sistema europeu de monitoramento do meio ambiente e do clima em todo o mundo por um conjunto de satélites, as emissões neste mês por queimadas do estado do Amazonas são as maiores em 20 anos.

Possíveis causas

Fogo na floresta Amazônica. Foto – Victor Moriyama/ Greenpeace

A região amazônica caracteriza-se por ter duas estações predominantes: a chuvosa, que dura geralmente o primeiro semestre inteiro, e a seca, que dura de agosto a novembro, o que facilita a proliferação do fogo.

Segundo Ane Alencar, diretora de ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora do MapBiomas Fogo, grande parte das queimadas neste ano ocorreram em áreas devastadas. A questão é que esse desmatamento ocorreu em 2022, não em 2023.

Para a equipe do Nexo, a diretora explicou que após o desmatamento, é comum que a área cortada seja queimada para que a matéria orgânica fique seca e, com isso, o fogo pode sair de controle e virar um grande incêndio.

Fumaça encobre Teatro Amazonas, em Manaus. Foto: Sandro Pereira – Agência O Globo

Outra possível causa é o fenômeno El Niño, que agrava o já esperado período de seca na Amazônia. Queimadas que em um período sem chuvas não apresentariam problemas, em uma situação agravada como a de agora podem se tornar incêndios florestais.

Há também quem use o fogo para queimar pastagens ou abrir roças, sendo esta uma prática antiga e tradicional entre os pequenos agricultores mas que, diante das mudanças do clima, tem se tornado impraticável, pelo perigo do fogo se alastrar.