Brasil cobra governo espanhol e UEFA após novos atos racistas praticados contra Vini Jr.
O Real Madrid, clube ao qual Vinícius Júnior pertence, apresentou uma queixa formal à Procuradoria-Geral do Estado espanhol, classificando os ataques como crimes de ódio
Por Carol Tokuyo
O governo brasileiro, em uma ação conjunta de diversos ministérios, elevou o tom contra os recorrentes ataques racistas direcionados ao atacante brasileiro Vinícius Júnior na Espanha. Uma nota interministerial, assinada pelos ministérios da Igualdade Racial, dos Esportes, das Relações Exteriores, da Justiça e Segurança Pública, dos Direitos Humanos e da Cidadania exige ações imediatas das autoridades espanholas, da FIFA e da La Liga.
O comunicado oficial manifesta repúdio veemente aos ataques racistas sofridos por Vinícius Júnior, ressaltando a falta de providências efetivas para prevenir a recorrência desses atos. Além disso, o governo brasileiro convocou a embaixadora da Espanha no Brasil, María del Mar Fernández-Palacios, para prestar esclarecimentos sobre os incidentes racistas.
O Real Madrid, clube ao qual Vinícius Júnior pertence, tomou medidas legais, apresentando uma queixa formal à Procuradoria-Geral do Estado espanhol, classificando os ataques como crimes de ódio. A FIFA também demonstrou interesse em questionar a La Liga sobre o não cumprimento integral do protocolo antirracismo em jogos do Campeonato Espanhol.
Em meio à escalada de tensões, o próprio Vinícius Júnior usou suas redes sociais para expressar sua indignação e exigir ações concretas contra o racismo. O jogador rebateu críticas do presidente da La Liga, Javier Tebas, afirmando que as palavras do dirigente não surtiram efeito, e clamou por medidas efetivas contra os racistas.
Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid, também se posicionou, criticando duramente as entidades responsáveis pelo futebol espanhol diante do novo episódio de ofensa racial.
O caso coloca em evidência não apenas a situação do jogador brasileiro, mas também levanta questões sobre a eficácia das medidas antirracismo no futebol espanhol e a necessidade de ações mais enérgicas por parte das autoridades e entidades esportivas para erradicar esse tipo de comportamento discriminatório, aponta o governo brasileiro.
Confira a nota na íntegra
O governo brasileiro registra, com tristeza e indignação, a ocorrência de novas manifestações racistas contra o jogador brasileiro Vinicius Júnior, por parte de torcedores do Atlético de Madri, ontem, 13/3, nas imediações do estádio Metropolitano, ao final de partida da Copa dos Campeões da Europa que sequer envolvia o atleta e sua equipe, o Real Madri.
Vinicius Júnior é um atleta exemplar, e não está sozinho na sua corajosa luta contra o racismo. O governo brasileiro reiterará às autoridades governamentais e esportivas espanholas sua preocupação com os repetidos ataques racistas ao atleta. E cobrará também providências da UEFA, organizadora do torneio no qual as manifestações racistas ocorreram. Enquanto não houver sanções penais e esportivas à altura, os racistas continuarão a agir e nenhuma campanha contra o racismo trará resultados efetivos.
É oportuno recordar que o futebol brasileiro, cinco vezes campeão mundial, é fundado em uma matriz essencialmente multicultural e multirracial. Estabeleceu-se como instrumento de inclusão e ascensão de parcelas historicamente menos favorecidas de nossa sociedade. Permitiu que o mundo conhecesse a riqueza da diversidade brasileira. O atleta Vinicius Júnior, do Real Madri e da Seleção brasileira, honra nossas melhores tradições esportivas, cuja maior expressão será sempre o melhor jogador da história do futebol mundial, Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, falecido em dezembro de 2022.