Bolsonaro quer que militares façam contagem e apuração dos votos nas eleições
Apuração é automática e acompanhamento cabe à Justiça Eleitoral
A pouco mais de 5 meses das eleições, Bolsonaro tem dados mais passos a fim de deslegitimar o processo eletrônico de votação no país. Em uma cerimônia com parlamentares bolsonaristas, ele tornou pública uma proposta levada pelas Forças Armadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em fevereiro deste ano. A sugestão dos militares é que eles tenham acesso direto e simultâneo com o tribunal à apuração dos votos que é feita pelos tribunais regionais eleitorais.
“Quando encerra eleições e os dados chegam pela internet, tem um cabo que alimenta a ‘sala secreta do TSE’. Dá para acreditar nisso? Sala secreta, onde meia dúzia de técnicos diz ‘quem ganhou foi esse’. Uma sugestão é que neste mesmo duto seja feita uma ramificação, um pouco à direita, porque temos um computador também das Forças Armadas para contar os votos”.
O Tribunal já havia negado a existência de uma “sala secreta” e reforçou, após ataques de Bolsonaro, que a apuração dos votos é automática e é feita pela urna eletrônica, e não por técnicos do TSE.
“Atribuir às forças armadas a competência de fiscalizar o TSE é uma semente para o golpe”, escreveu o advogado Marivaldo Pereira. “Se o tribunal aceitar, estará desmoralizado. Se negar, será o pretexto que os canalhas procuram para questionar as eleições. A justiça precisa agir rápido”
Junto às sugestões, as Forças Armadas enviaram 80 perguntas ao Tribunal que foram respondidas pelos técnicos do TSE em um relatório de 700 páginas, conforme informado no jornal Metrópoles. O senador Alessandro Vieira enviou ofícios ao ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Oliveira, para tornar públicas as perguntas e as respostas.
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, que foi presidente do TSE, sinalizou na última semana que as Forças Armadas estariam sendo orientadas para atacar o processo eleitoral no país.
“Desde 1996 não tem nenhum episódio de fraude. Eleições totalmente limpas, seguras. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar. Gentilmente convidadas para participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo”, afirmou em uma seminário promovido por uma universidade alemã, conforme divulgado na Carta Capital.
Ele afirmou ainda que a politização das Forças Armadas “é um risco real para a democracia e aqui gostaria de dizer que, eu que fui um crítico severo do regime militar, militante contra a ditadura, nesses 33 anos de democracia, se teve uma instituição de onde não veio notícia ruim foi as Forças Armadas”.