Bolsonaro e aliados concluem que declarações antivacina tiram votos
A sete meses da eleição e depois de um processo longo de persuasão, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) foi convencido de que as declarações do presidente precisam mudar
A conclusão veio tardia mas, neste ano eleitoral, aliados de Bolsonaro avaliaram que o discurso antivacina pode ser prejudicial para a campanha de Bolsonaro em 2022. A sete meses da eleição e depois de um processo longo de persuasão, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) foi convencido de que as declarações do presidente precisam mudar. A informação foi publicada na Folha de S. Paulo.
Carlos, o número 2, é tido como principal conselheiro de Bolsonaro, responsável por suas redes sociais e, mais “considerado um dos mais inflamados no entorno do presidente”. Aliados têm tentado mostrar que realmente a vacina tem mostrado eficácia contra a Covid-19. “Como disse um interlocutor de Bolsonaro, trata-se de uma questão matemática: mais de 70% da população brasileira já se vacinou”, afirmou o jornal.
Aliados queriam inclusive que Bolsonaro se vacinasse publicamente e comentasse sobre ações que o governo federal poderia ter feito em prol da campanha de vacinação. Contudo, pelo que se observa da pre-campanha bolsonarista, a mudança até agora feita foi na moderação do tom antivacina. Conforme a reportagem, houve um aval de Carlos para a correção de rumo nas declarações de Bolsonaro.
Conforme uma publicação do Instituti Butantan, a eficácia e segurança da vacina no Brasil têm sido amplamente comprovadas. A efetividade de uma vacina é mostrada pelos estudos de vida real, ou seja, conduzidos na população fora de ambientes controlados. “Os estudos de efetividade explicam por que a incidência de Covid-19 nos países que utilizaram CoronaVac não foi alta depois da vacinação, na comparação com países onde a vacina não foi aplicada”, aponta o epidemiologista Paulo Lotufo, professor titular de clínica médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Durante esta fase da campanha de vacinação, o instituto reforça para a necessidade da terceira dose. “Com um trabalho científico dessa magnitude e todas essas evidências, desconsiderar uma vacina como a CoronaVac na terceira dose é um erro. A melhor arma contra qualquer doença infectocontagiosa é a imunização”, disse o imunologista Gustavo Cabral, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), citando especifocamente a vacina do Butantan e da Sinovac.