Boletim People’s Summit, 10 de junho
A Peolpe’s Summit, Cúpula dos Povos pela Democracia encerrou este ano com uma potente marcha e teve em seu último dia atividades com temas urgentes. Saiba o que aconteceu no terceiro dia do evento
Abrindo o último dia da Cúpula dos Povos, aconteceu uma mobilização até o Centro de Convenções de Los Angeles, local onde acontece a IX Cúpula das Américas. Ativistas, movimentos e organizações sociais defenderam a soberania nacional, o fim de bloqueios econômicos e sanções dos EUA a Cuba e Venezuela. As bandeiras venezuelanas, cubanas e da Nicarágua tremulavam em frente ao Centro de Convenções, demarcando a presença dos países excluídos a participarem da Cúpula das Américas organizada pelos EUA. Os manifestantes questionaram a democracia estadunidense e o seu imperialismo na América Latina.
No terceiro dia foram realizados painéis, oficinas, a plenária final e uma grande marcha pelas ruas de Los Angeles. O primeiro painel intitulado “Os trabalhadores mandam no mundo: organização transnacional para a Justiça do Trabalho”, trouxe experiências de lideranças de lutas trabalhistas por toda a América. A sessão reivindicou a união dos trabalhadores para além das fronteiras, essencial para a construção do poder da classe trabalhadora de todo o mundo. Estiveram presentes na mesa: Mercedes Perez, Dr. Cornel West, Daniel Pascual, Felipe Caceres, Hugo Soto Martinez, Misael Rodríguez Llanes, Jollene Levid.
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Na sua exposição, o Dr. Cornel West foi aclamado a partir da fala: “Não venha para Los Angeles como se você fosse uma vanguarda dos direitos humanos quando você olha para a história da América Latina como o playground do império americano, tratando os irmãos e irmãs latino-americanos como se fossem baratas a serem esmagadas, em vez de seres humanos com grande dignidade que se organizam e contra-atacam”.
Um debate sobre a revolução venezuelana ocorreu no segundo painel: “Uma conversa com feministas venezuelanas: aprofundando uma revolução sob sanções”. Com a presença de Mónica M. (professora), Anggie H. (feminista ativista e indígena Wayuu) e Yolimar M. (engenheira industrial), protagonistas da revolução bolivariana na Venezuela, debateram sobre como as sanções dos EUA afetam desigualmente as mulheres e crianças venezuelanas. As palestrantes abordaram as lutas sociais pelos direitos educacionais, culturais, indígenas, raciais e das mulheres. As falas foram marcadas por exemplos de como as suas comunidades lutam mediante as sanções estadunidenses.
O terceiro painel do dia trouxe a luta contra a supremacia branca, a violência e a militarização do Estado. O debate demarcou como os movimentos e organizações sociais atuam contra a violência policial patrocinada pelo Estado, a militarização da polícia e a atuação da supremacia branca estadunidense. Os conferencistas da mesa foram: Dr. Charisse Burden Stelly, Cristian Delgado, Nekima Levy Armstrong, Rafael González Morales, Kyla Hartsfield. Estes debateram as conexões e interações entre estes diferentes arranjos brutais para o povo. Foram reivindicados políticas que priorizem as pessoas ao invés de orçamentos militares e ferramentas policiais. O painel encerrou com uma apresentação emocionante de Shine Muwasi, um grupo de mulheres da África ocidental com a bandeira de difusão da sua cultura pelo mundo.
(Mídia NINJA)Além dos painéis, aconteceu a oficina “Sem guerra, sem aquecimento: construindo uma economia feminista”. A Cúpula dos Povos através deste workshop deliberou que os EUA e seus militares são os maiores consumidores de combustíveis fósseis. Estes atacam a soberania e incentivam a ocupação de terras indígenas ao defenderem a espoliação e extração devastadora de recursos em todo o planeta. Os conferencistas deram exemplos de ações e organizações que resistem a esta estrutura militar-industrial dos EUA, e enfrentam as mudanças climáticas impulsionadas por estes. A Cúpula exigiu que os líderes mundiais parem de financiar guerras e defendam a autodeterminação e soberania dos povos. Como caminho alternativo a isso, o painel apontou maiores investimentos na regeneração e por uma economia feminista.
A última plenária da Cúpula dos Povos contou com palestrantes de toda a América, vozes de pessoas marginalizadas, da classe trabalhadora e aqueles/as que resistem em todo o hemisfério. Diferente da Cúpula das Américas, que preza apenas pelos interesses geopolíticos estadunidenses, a plenária defendeu uma visão de futuro para a América baseada na solidariedade, cooperação e na vida com dignidade para todas e todos. As mentiras contadas por Biden e seus aliados sobre promoverem uma democracia com sustentabilidade e direitos humanos não representam os interesses do povo, como foi visto durante a Cúpula dos Povos. Exemplo disto aconteceu durante a pandemia da Covid-19, em que o governo dos EUA não priorizou a vida de sua população.
A plenária final contou com a participação virtual do ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. O presidente cubano foi ovacionado pelo público e mandou uma mensagem agradecendo pela solidariedade com Cuba. Díaz-Canel reiterou no seu discurso alguns temas tratados na Cúpula dos Povos: “A luta que compartilhamos hoje é contra a tentativa do poderoso vizinho de recolonizar as terras de Nossa América. É contra o espírito da Doutrina Monroe que continua orientando o foco político dos EUA para nossa região”.
Finalizando a Cúpula dos Povos, houve uma grande marcha em direção ao Centro de Convenções de Los Angeles. A marcha trouxe a diversidade para as ruas e demarcou a existência e resistência dos povos das Américas! Após três dias de debates, trocas, organização estratégica da luta dos povos no continente, arte e dança, a Cúpula dos Povos se encerra com a certeza de ter feito história nos EUA na defesa do direito de existência de todas e todos nas Américas!