Bemti anuncia seu terceiro álbum com a dançante “Melhor de Três”
Em “Melhor de Três”, Bemti abraça de vez a sonoridade indie pop presente em diversas canções de seus discos anteriores ‒ “era dois” e “Logo Ali” ‒ e dá novos usos para a viola caipira de dez cordas, instrumento que caracteriza a sua obra.
Por Noé Pires
A constante necessidade de buscar por recomeços e finais felizes estão em “Melhor de Três”, a nova música do cantor mineiro Bemti (@bemtii), Produzida por Luis Calil, a faixa chegou às plataformas no dia 24 de abril como primeiro single do terceiro álbum de estúdio do artista, previsto para o segundo semestre, e celebra seus seis anos em carreira solo.
Em “Melhor de Três”, Bemti abraça de vez a sonoridade indie pop presente em diversas canções de seus discos anteriores ‒ “era dois” e “Logo Ali” ‒ e dá novos usos para a viola caipira de dez cordas, instrumento que caracteriza a sua obra. O resultado é uma música dançante envolta por uma atmosfera eletrônica, mas que não abandona os elementos orgânicos e a densidade das letras autorais típicas de suas músicas.
O trabalho reafirma a parceria de Bemti com o produtor musical Luis Calil (Cambriana), já vista em projetos anteriores como “Quando o Sol Sumir”, feat. com Fernanda Takai presente no disco mais recente do cantor. Bemti e Calil regravaram para o novo single o riff de guitarra de “Ziglibithiens”, música lançada em 1978 pelo costa marfinense Ernesto DjéDjé.
Falecido em 1983, DjéDjé foi um dos ícones da música de seu país e “Ziglibithiens” (que pode ser traduzido como “ritmo da doçura”) foi uma canção muito popular no país de origem do músico, a Costa do Marfim, e também no litoral colombiano e em partes do Caribe, revelando uma conexão com as inspirações de Bemti para o novo single.
“Eu queria que essa música evocasse uma praia sintética e nostálgica, algo diferente do clichê musical praiano com que estamos acostumados”, diz o Bemti. “E essas conexões interatlânticas refletem a jornada da própria viola caipira, que surgiu da guitarra portuguesa e foi transformada nos interiores do Brasil sob a influência das populações indígenas e africanas”, ele continua.
“Melhor de Três” é fruto de um longo processo de composição do próximo disco de Bemti, que reúne várias camadas de referências e significados. Em julho de 2023, ele descartou a primeira versão da música, incluindo a letra, e começou tudo de novo a partir do conceito inicial. “Essas decisões são sempre muito difíceis, mas valeu a pena porque estou infinitamente mais feliz com a nova versão”, revela o artista.
A versão que estreia agora foi gravada no estúdio Toca do Tatu, em São Paulo (SP), com o apoio técnico de Caio Alarcon e Guilherme Kastrup (produtor responsável pelo disco “A Mulher do Fim do Mundo”, de Elza Soares, vencedor do Grammy Latino em 2016).
Composta por Bemti, “Melhor de Três” trata da incerteza presente nos recomeços e a eterna busca por um final feliz, sugerindo a vulnerabilidade emocional do eu lírico que espera por algo que possa lhe trazer tranquilidade. “É uma letra sobre tentar, falhar, recomeçar… Mas também sobre saber aproveitar o caminho”, ele diz.
“Achei muito divertido criar uma música que você escuta e reconhece de cara que é bem mais upbeat do que meu som anterior, mas com uma tensão presente ali, algo como estar bem doido numa festa e torcer pra uma bad trip não te pegar, ou estar relaxando numa praia enquanto o mundo desmorona em volta de você”, conta Bemti.
“Melhor de Três” chega acompanhada por um videoclipe filmado em Ilhabela, no litoral de norte de São Paulo, e que traduz em imagens o conceito musical ao explorar referências que vão do final dos anos 1990 ao começo dos 2000. “É como se estivéssemos vivendo um longo feriado do qual já estamos com saudades antes de acabar”, Bemti explica.
Dirigido por João Terezani, que utilizou câmeras vintage para dar mais autenticidade ao projeto, o clipe explora os limites entre sonho e realidade. “Isso tem muito a ver com a minha geração que vive nessa era onde tudo é registrado e compartilhado a todo momento, mas que foi criança nos anos 1990, o último refúgio analógico da humanidade”, diz Bemti.
“O processo do clipe foi voltado para a construção dessa imagem nostálgica e particular ao mesmo tempo, como um registro de viagem, com momentos íntimos mesclados à performance do cantor. A criação foi colaborativa e buscou imprimir essa atmosfera pela decupagem e movimentos vivos da câmera, textura e cores do vídeo”, explica o diretor.
Em 2024, Bemti celebrou seis anos de carreira solo. Nesse período, o artista lançou dois discos autorais, um deles através do edital Natura Musical. Também gravou colaborações com nomes como Fernanda Takai, Johnny Hooker, Jaloo, Josyara e Tuyo. E sua abordagem inédita e contemporânea da viola caipira lhe rendeu participações em trilhas sonoras de filmes e séries como Valentina (Netflix), Hit Parade (Globoplay) e Fluxo (Paramount), além de ter seu álbum “Logo Ali” selecionado entre os melhores discos de 2021 pela APCA.
“Melhor de Três” chega nos streamings de música no dia 24 de abril, a partir da meia noite. Em seguida, ao meio-dia, o videoclipe estreia no canal do artista no YouTube.
Sobre o artista
Nascido numa fazenda na Serra da Saudade, no interior de Minas Gerais, Bemti usa a Viola Caipira de dez cordas como base da sua sonoridade emocional e cinematográfica que transita por gêneros como indie pop, MPB e folk. O cantor e compositor também é formado em Audiovisual pela USP e traz as experiências como diretor, roteirista, redator e montador de filmes para seu trabalho na música. Sua estreia autoral, o álbum “era dois” (2018), conta com participações de Johnny Hooker e da banda Tuyo, e foi muito bem recebido pela crítica. Já o segundo disco, “Logo Ali”, conta com participações de Fernanda Takai, Jaloo, Josyara, ÀVUÀ e do músico português Hélio Morais. Este trabalho venceu o edital Natura Musical e foi indicado entre os Melhores Discos de 2021 na lista da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), além de figurar na 20ª posição na Lista das Listas, que compila as indicações em diversas outras listas de críticos. A abordagem inédita e contemporânea da viola caipira feita por Bemti já ultrapassou 4 milhões de execuções apenas no Spotify, rendendo inclusões em trilhas sonoras de diversos longas e séries, como “Valentina” (Netflix), “Hit Parade” (Globoplay) e “Fluxo” (Paramount). Desde 2018, o artista mineiro já excursionou por 11 estados brasileiros, passando por importantes festivais como Bananada e Timbre, e por países da Europa e América Latina, com shows esgotados em Lisboa e Buenos Aires. Em 2022, o Bemti participou ao lado do cantor Gabeu como compositor e intérprete no disco “Agropoc”, indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum Sertanejo. Bemti se posiciona como um artista LGBTQIAPN+ desde o seu primeiro videoclipe, criando inusitadas pontes através da sua música, onde a tradição encontra a modernidade e o rural se aproxima do urbano, sem deixar de lado a habilidade de conectar e emocionar o público. Em 2024, Bemti lançará seu terceiro álbum de estúdio.