Comprovantes entregues à CPMI dos Atos Golpistas expõem depósitos fracionados realizados ao longo de oito meses

Foto: Isac Nóbrega/PR

Comprovantes recentemente disponibilizados à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas lançam luz sobre uma série de depósitos fracionados realizados à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Os documentos, obtidos pelo Metrópoles, revelam que um montante de R$ 60 mil foi depositado por membros da equipe de Mauro Cid, então assistente de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ao longo de 11 dias distribuídos em oito meses do ano anterior.

Segundo informações exclusivas trazidas pelo colunista Rodrigo Rangel, no Metrópoles, o Palácio do Planalto supostamente mantinha um esquema de caixa dois operando sob o comando de Mauro Cid. Este sistema, de acordo com a reportagem, era encarregado de efetuar pagamentos, muitas vezes em espécie e na boca do caixa, para cobrir gastos relacionados à família presidencial. Até mesmo faturas de cartão de crédito de uma amiga da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro teriam sido quitadas por essa estrutura.

Os depósitos agora expostos foram realizados por auxiliares do ex-assistente de ordens de Bolsonaro ao longo dos meses de janeiro, fevereiro, março, abril, junho, julho, agosto e dezembro. A quantia total foi dividida em parcelas menores, sendo o primeiro depósito de R$ 6 mil feito em 10 de janeiro de 2022.

As transações subsequentes incluíram depósitos de diferentes valores, mas sempre mantendo uma abordagem fragmentada, com o intuito de evitar detecção por órgãos como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que monitoram movimentações suspeitas. O total de 45 depósitos de valores inferiores a R$ 6 mil ao longo de um ano atraiu a atenção da CPMI, levantando questionamentos sobre a natureza dessas transações e a possível relevância delas para as investigações em curso.