Uma investigação revelou sérios indícios de superfaturamento em um projeto educacional coordenado pela ONG Con-Tato, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (Unirio) e apadrinhado pelo deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), coautor do PL do Estupro, que busca criminalizar meninas e mulheres que realizam aborto nos casos já garantidos por lei.

A reportagem conduzida pelo UOL apontou que a ONG adquiriu 11.500 camisas por um total de R$ 688 mil, levantando suspeitas sobre a justificativa dos custos, especialmente considerando que o preço unitário das camisas dobrou em apenas três meses.

Além das camisas, foram identificados gastos questionáveis em cerimônias de formatura. A Con-Tato desembolsou R$ 684 mil para realizar 49 cerimônias, duas delas apenas dois dias após o lançamento oficial do projeto. Fotos das cerimônias, muitas realizadas em locais simples como igrejas, contrastam com os altos valores pagos pelos serviços.

O projeto, denominado Qualifica RJ ou Ellos Qualificação, oferecia cursos profissionalizantes gratuitos e recebeu um total de R$ 20 milhões em emendas parlamentares destinadas por Sóstenes Cavalcante nos últimos três anos. Essas emendas representam uma das maiores alocações individuais de recursos para projetos sociais no estado do Rio de Janeiro.

Sóstenes Cavalcante, por sua vez, afirmou que não cabe a ele fiscalizar as compras das ONGs beneficiadas por suas emendas, atribuindo essa responsabilidade aos órgãos governamentais competentes. Empresas contratadas também se defenderam das acusações, mencionando alterações nos escopos de trabalho que justificariam os custos adicionais.

Diante das revelações, a Unirio comprometeu-se a investigar as irregularidades apontadas pela reportagem, mas Sóstenes ainda não comentou as acusações.