Aumento da temperatura do mar é a principal causa de infestações de águas-vivas no litoral brasileiro
O aumento de pessoas com queimaduras por águas-vivas cresceu quase 70% em relação ao mesmo período do ano passado em Santa Catarina
A chegada do outono no litoral do Ceará não foi apenas marcada pela mudança de estação, mas também pela proliferação massiva de águas-vivas, causando preocupação entre os banhistas e especialistas em meio ambiente. O fenômeno, que já havia sido observado em estados do Sul do Brasil durante o verão, agora alcança as praias do Nordeste, evidenciando os impactos da emergência climática nos ecossistemas marinhos.
O aumento de pessoas com queimaduras por águas-vivas cresceu quase 70% em relação ao mesmo período do ano passado em Santa Catarina.
O aumento da temperatura das águas do Atlântico Sul, que chegaram a estar até 5ºC acima da média histórica durante o verão, tem proporcionado condições favoráveis para a reprodução desses animais marinhos. Segundo medições da professora de Oceanografia Física e Clima da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Regina Rodrigues, entrevistada pelo jornalista Lucas Altino, de O Globo, através do NOAA, as águas do litoral cearense têm se mantido 2,5ºC acima da média histórica desde o início do ano.
O surto de águas-vivas tem sido observado principalmente nas praias do Macuípe e Iracema, em Fortaleza, além das praias do Pecém, Taíba e Paracuru. Marcelo Soares, oceanógrafo do Labomar da Universidade Federal do Ceará (UFC), destaca que a temperatura excepcionalmente alta do mar é o principal fator por trás dessa proliferação.
O impacto ambiental desse fenômeno é significativo, causando desequilíbrios nos ecossistemas marinhos. As águas-vivas são predadoras de pequenos crustáceos, larvas de peixe e peixes jovens, o que pode afetar outras populações de animais e prejudicar a produção pesqueira, entupindo redes de pesca.
Além dos impactos ambientais, as queimaduras causadas pelo contato com as águas-vivas representam um sério risco para os banhistas e esportistas. Enquanto isso, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, o número de casos de lesões por água-viva atendidas pelos serviços de emergência também tem aumentado, indicando uma tendência preocupante ao longo das últimas estações.