Aumento da desigualdade salarial entre homens e mulheres acende alerta no Brasil; Governo federal lança meta de igualdade
Apesar do forte crescimento da geração de empregos para mulheres em 2023, a qualidade dessas vagas e a remuneração oferecida ainda deixam a desejar
A disparidade salarial entre homens e mulheres no Brasil aumentou no período de um ano, e mulheres receberam, em média, 20,7% menos do que homens em 2023, mostra novo levantamento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O segundo relatório de transparência salarial, divulgado nesta quarta-feira (18) pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pelo Ministério das Mulheres, revela um retrocesso preocupante na luta pela igualdade de gênero no mercado de trabalho.
Para combater esse cenário, o governo federal lançou hoje um plano ambicioso para reduzir a desigualdade salarial e laboral entre homens e mulheres. A iniciativa, fruto de um esforço conjunto entre os Ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego, apresenta um conjunto robusto de 79 ações estratégicas, consolidando o compromisso do Brasil com a construção de um futuro mais justo e equitativo.
Este plano vai além de simplesmente equiparar salários. Ele reconhece as raízes profundas da desigualdade, atacando questões como a discriminação étnico-racial e a divisão desigual das responsabilidades familiares, que historicamente têm relegado às mulheres posições de desvantagem no mercado de trabalho.
Com foco na inclusão, permanência e ascensão profissional, o plano visa romper o ciclo que impede as mulheres de alcançar seu pleno potencial. As ações propostas abrangem desde a remoção de barreiras para o acesso ao mercado de trabalho até o estímulo à participação feminina em áreas tradicionalmente dominadas por homens, como as ciências exatas.
Dados importantes
Compilado a partir de informações enviadas por mais de 50 mil empresas, o relatório expõe a persistência de um problema crônico na sociedade brasileira. A remuneração das mulheres, que já era 19,4% menor do que a dos homens em 2022, sofreu um novo revés, evidenciando a urgência de ações efetivas para reverter esse quadro.
A subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho, Paula Montagner, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, aponta a concentração das mulheres em postos de trabalho com salários mais baixos como um dos principais fatores para essa desigualdade. Apesar do forte crescimento da geração de empregos para mulheres em 2023, a qualidade dessas vagas e a remuneração oferecida ainda deixam a desejar.
A discrepância salarial é ainda mais acentuada em cargos de liderança, onde a diferença média entre homens e mulheres chega a 27%. O recorte racial agrava ainda mais o problema: mulheres negras recebem, em média, apenas metade da remuneração dos homens brancos. Essa realidade evidencia a interseccionalidade das desigualdades de gênero e raça no mercado de trabalho brasileiro.