Áudio revela presidente da Funai tentando ajudar preso suspeito de arrendamento de Terra Indígena
Marcelo Xavier está sendo investigado pela Polícia Federal por “sustentação à ilegalidade”
O servidor que o presidente da Funai deu sustentação é réu no processo que investiga um esquema de corrupção por arrendamentos ilegais na Terra Indígena Xavante Marãiwatsédé, em Cuiabá, para criação de gado
Cerca de um mês depois do presidência da Funai, o delegado da Polícia Federal Marcelo Xavier ter sido expulso de um evento da Organização das Nações Unidas (ONU) por um ex-agente e indigenista do órgão, que o acusou de ser o responsável pelo genocídio dos povos indígenas, Xavier está sendo investigado pela Polícia Federal por “sustentação à ilegalidade”.
Nesta quinta-feira (25), a PF divulgou um áudio que foi anexada ao relatório que revela um telefonema interceptado pela Polícia Federal com autorização da Justiça, onde o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) ofereceu apoio a um servidor do órgão preso por suspeita de participação num esquema de arrendamento ilegal de áreas indígenas em Mato Grosso.
O servidor preso é ex-chefe da Funai em Mato Grosso, Jussielson Silva, e réu no processo que investiga um esquema de corrupção por arrendamentos ilegais na Terra Indígena Xavante Marãiwatsédé, a 1.064 km de Cuiabá, para criação de gado. Além de causar degradação ambiental, eles ainda geravam repasses de R$ 900 mil por mês à liderança indígena Xavante.
No áudio, divulgado pelo Jornal O Globo, Jussielson reclama de uma visita da PF, e Xavier o tranquiliza, afirmando que o ajudaria. A conversa teria acontecido em janeiro e dois meses depois o ex-chefe da Funai foi preso.
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“Sim, eu agradeço porque a gente está na ponta da lança. O senhor é meu apoio de fogo. O senhor me protegendo, fico mais feliz ainda”, respondeu o ex-chefe da Funai. Marcelo Xavier completa dizendo que ele poderia ficar tranquilo, porque tinha nele uma “sustentação”.
Nota da Funai
Em nota, a Funai alegou que “não coaduna com nenhuma conduta ilícita” e que, desde 2018, busca uma solução para o impasse envolvendo a prática de arrendamento na Terra Indígena Marãiwatsédé, localizada no Mato Grosso, em diálogo com o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal sobre o tema.
“Cumpre destacar que o arrendamento de terras indígenas é vedado pela Constituição Federal de 1988”. Sendo assim, a Fundação vem trabalhando em um modelo de transição que permita superar o quadro ilegal existente na Terra Indígena Marãiwatsédé, mediante reuniões com o MPF e acionando a Polícia Federal nas situações cabíveis.
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