Atrizes favoritas ao Oscar estão indicadas por papéis originalmente imaginados para homens
Avisa que são as mulheres! Cate Blanchett e Michelle Yeoh reforçam urgência e êxito na virada narrativa dos filmes em que participam
Por Lilianna Bernartt para cobertura colaborativa da Cine NINJA
As atrizes Cate Blanchett (indicada à Melhor Atriz principal por seu papel no filme “Tár”) e Michelle Yeoh (indicada à Melhor Atriz principal por seu papel no filme “Tudo em todo lugar ao mesmo Tempo”) são as favoritas na categoria de Melhor Atriz no Oscar de 2023 por suas atuações potentes.
Além da indicação e do favoritismo, outra curiosidade que compartilham é que ambas estão indicadas por interpretarem personagens originalmente pensados para homens.
A egocêntrica e workaholick maestro Lydia Tár, personagem ficctícia minusciosamente concebida por Todd Field e brilhantemente vivida por Cate Blanchett foi originalmente pensada para o masculino.
Entretanto, a atriz e o diretor sentiram que realizar um estudo acerca do poder tendo como foco uma personagem masculina enfraqueceria o material, uma vez que já temos no cinema diversas narrativas acerca do exercício e da corrupção do poder masculino. Desta forma, a conversão da personagem para o feminino traz um estudo mais profundo, tanto quanto ao empoderamento, quanto à eventual flexibilidade moral decorrente dele.
Já Evelyn, a multifacetada personagem interpretada pela talentosa Michelle Yeoh foi originalmente oferecida a Jackie Chan.
O papel foi escrito para o masculino, de forma que Michelle Yeoh faria a esposa, papel que, por fim, foi destinado a Ke Huy Quan (também indicado ao Oscar de Melhor Ator Caodjuvante).
Os diretores acharam que a narrativa heteronormativa desfocaria da inovação proposta pelo roteiro e acertadamente inverteram os papéis, garantindo que Michelle Yeoh mostrasse toda força e potência do protagonismo feminino.
Dois exemplos que reforçam a urgência e o êxito da quebra de narrativas hetero-cis-normativas em produções cinematográficas.
Que possamos seguir com mais propostas narrativas de inclusão no cinema. Está mais que demonstrado que funciona e muito, não?
Texto produzido em cobertura colaborativa da Cine NINJA – Especial Oscar 2023