Nos últimos dias, o governo de Javier Milei, na Argentina, aprofundou os seus ataques à comunidade LGBTQ+ e às mulheres. Além de declarações inverídicas e com discursos de ódio, Milei ameaça avançar com possíveis reformas legais que buscam destruir os direitos conquistados ao longo de anos de luta transfeminista, como a eliminação da figura do feminicídio e da cota de emprego para travestis-trans.

Em resposta, organizações pela igualdade de gênero e grupos LGBTQIA+ apelaram a ações em todo o país. Na cidade de Buenos Aires, a população e os movimentos sociais foram convidados a participar de uma Assembleia Antifascista no Anfiteatro Parque Lezama, em La Boca, sob o lema “A vida está em risco. Basta! Nunca mais voltaremos ao armário”.

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A convocação foi massiva e o grupo encaminhou a convocação de uma Marcha do Orgulho LGBTQIA+ antifascista e antirracista para o próximo sábado, 1º de fevereiro, às 16h, da Plaza de Mayo ao Congresso.

Um dos discursos mais fortes foi o de La Kalo, drag queen, que declarou: “Vamos reconhecer uma coisa: não é que um dia acordamos e os fascistas estavam a nos governar. Este foi um processo e esse processo tem pessoas responsáveis. Não esqueçamos agora quem pintou o rosto com glitter para a foto. Isto não nos surpreendeu, mas nos desconcertou. Precisamos então retornar ao nosso eixo”.

E afirmou: “Como velha bruxa que sou, vos digo: escolham as batalhas que têm de ser travadas. Não se deixe levar pela agenda dos fascistas. Isto não é apenas contra nós. Esta é uma luta de classes. Isto é contra os reformados, contra a universidade e a saúde pública, contra a cultura, contra os direitos humanos. E com todas essas pessoas temos que estar nas ruas hoje. Se quisermos que eles nos acompanhem, temos que nos acompanhar.”

Uma cópia ruim do Trump

Nesta semana, o governo de Milei buscou se alinhar ao ataque frontal contra a população LGBTIQ+ e o feminismo por parte de líderes de extrema direita, seguindo as medidas ditadas por Donald Trump desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos. Ele fez isso em seu discurso em Davos, na Suiça, onde listou uma série de desinformações, falácias, mentiras e manipulações. E agora tentará fazer isso no nível legislativo. De acordo com a mídia nacional, Milei apresentará o projeto de lei “Igualdade perante a Lei” na abertura das sessões legislativas em 1º de março. Com ela, ele atacará direitos conquistados, como a lei de identidade de gênero, símbolo argentino no mundo todo, a cota de emprego trans e a figura do “feminicídio”, entre outros temas. Ativistas responderam com denúncias e convocações para assembleias em todo o país.