Ativistas apresentam projetos em defesa dos oceanos, os principais reguladores do clima
Aproximadamente 90% do calor produzido pelo aquecimento global são retidos pelo oceano
Paloma Dottori, da Cobertura Colaborativa NINJA na COP26
O oceano é o principal regulador do clima global, mas mesmo assim vem sendo ignorado por grande parte dos governantes e tomadores de decisões. Aproximadamente 90% do calor produzido pelo aquecimento global são retidos pelo oceano, que consegue absorver vinte vezes mais calor que a atmosfera. Ou seja, as águas oceânicas absorvem praticamente um terço de toda a emissão de CO2 e por isso, necessitam de atenção, como foi destacado no painel Navegando pela Ação Climática: Parcerias para o Nosso Oceano, realizado durante a COP26.
O aumento das concentrações de gases de efeito estufa (GEE) está causando um impacto inimaginável nos oceanos, não só o aumento de temperaturas de suas águas, mas também, acidificação marítima, menos oxigênio para a vida marinha, evasão ecológica e aumento do nível do mar, além de impacto na produção dos recursos marinhos, bem como nos ecossistemas marinhos e costeiros. Tudo isso impacta na vida de bilhões de pessoas que vivem em comunidades que dependem do oceano e de seus ecossistemas para sua subsistência e segurança alimentar.
O diálogo trouxe os esforços de projetos como o Peace Boat e o Blue Planet Alliance – além de esforços governamentais de países como Havaí, Palau e Nova Zelândia. Tais iniciativas estão ajudando a melhorar os esforços de mitigação e adaptação baseados no oceano para lidar com os impactos e riscos atuais e futuros da mudança climática.
As inovações são alinhadas com os objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (SGD), trabalhando na criação de parcerias globais para alcançar um futuro mais justo e sustentável para todos. As iniciativas como a do Blue Planet Alliance que é uma organização comunitária em defesa e implementação de fontes de energia renováveis no Havaí.
O Blue Planet Alliance é uma organização que está mudando a conversa sobre como implementar energia limpa, criando modelos sustentáveis e impulsionando a transformação global de combustíveis fósseis para soluções renováveis. Foi um parceiro essencial para que o Havaí se tornasse o primeiro estado dos EUA a ter uma política que exige que 100% da eletricidade do estado seja de fontes renováveis até 2045.
A transição energética está ocorrendo de forma acelerada e muita da energia renovável como energia solar e energia marítima, já vem sendo implementada, fornecendo energia que abastecem residências, empresas, projetos de infraestruturas e organizações a salvarem milhares de dólares além, de ajudar a criar um mundo no qual a humanidade e a natureza vivam em harmonia.
A mediadora do painel, Emily McGlone, foi a diretora executiva de um projeto chamado Peace Boat que é uma organização sem fins lucrativos que trabalha para alcançar todos os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. É um cruzeiro que viaja ao redor do mundo, através do turismo responsável, para conscientizar as pessoas da importância dos oceanos e das comunidades locais de todos os países que visitam.
Eles acreditam que as viagens em si podem ser uma ferramenta para uma mudança política positiva tanto ambiental como social. O Peace Boat tem trabalhado desde 1983 para difundir uma cultura de paz por meio de programas de educação realizados em seu navio. Eles criaram a campanha internacional chamada de Peace Vote que fala sobre o desarmamento nuclear e conta com a ajuda de sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki a bordo para compartilhar suas histórias e os impactos nucleares em suas vidas.
Também possuem um projeto chamado Programa de Jovens Embaixadores do Oceano e do Clima, que conta com a ajuda de jovens de pequenas ilhas costeiras que estão na linha de frente da crise climática a terem voz e aumentar a conscientização sobre os impactos das mudanças climáticas e degradação dos oceanos.
Os embaixadores têm a oportunidade de apresentar suas experiências à mídia local e nacional para divulgar sua mensagem. Eles também usam seus próprios canais de mídia social para delinear o programa e as conclusões. Após a viagem, os participantes usam a experiência e os conhecimentos adquiridos para contribuir com suas comunidades e internacionalmente, organizando eventos com jovens para passar a mensagem e continuar a conscientizar sobre a necessidade urgente de ações para o nosso oceano e clima.
Além dos impactos sociais a uma organização que viaja por mar, também reconhece que precisam de um navio de cruzeiro mais sustentável, e portanto, o cruzeiro será a embarcação mais inovadora e ecológica do mundo. Eles planejam lançar um navio de transformação que usará energia solar e eólica para reduzir o CO2 em 40% e criar uma plataforma para inovação verde com a implantação de diversas árvores dentro do navio.
A vegetação plantada em cinco deques ajudará a absorver água extra, enquanto os sistemas agrícolas verticais embutidos produzirão vegetais orgânicos para as refeições.. O navio da será um divisor de águas para a indústria marítima e a venda é um verdadeiro carro-chefe para os objetivos de desenvolvimento sustentável para a indústria marítima.
Outro lembrete importante da embaixadora de Palau – uma das ilhas insulares do pacífico ameaçada de desaparecer – é que tem de ocorrer ações para a proteção de ecossistemas marinhos e relembra que a redução das emissões de GEE é a base de tudo. O custo para construir e lidar com a resiliência é proporcional à quantidade de mitigação que tem que ser feita. Quanto pior o ambiente, mais investimento é necessário para medidas de adaptação. A embaixadora defende a importância da ciência, da inovação tecnológica e do desenvolvimento eficaz da capacidade para orientar através do foco na educação, além de sugerir que deve haver mais regulamentações para garantir um futuro melhor e mais sustentável.
Assista o evento na íntegra, clicando aqui.